Um dos setores mais afetados pela interrupção das atividades com a pandemia do novo coronavírus é o turismo. O setor que representava 7,7% da economia brasileira antes da pandemia, com 551,5 bilhões de reais (cerca de 110 bilhões de dólares) em receita direta e indireta em 2019, perdeu US$ 94,1 bilhões nos últimos dois anos e mais de 340.000 postos de trabalho. Uma aposta para recuperação é o Ecoturismo. As atrações em meio à natureza com a soma de outras condições, indica um caminho de reinvenção para sair da crise. Assista à reportagem a seguir

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O Brasil é o terceiro país no mundo que mais considera importante viajar de forma sustentável, atrás apenas do Quênia e Vietnã e empatado com a Colômbia. Os brasileiros estão se preocupando mais com os impactos sustentáveis que uma viagem pode gerar.

Segundo o relatório Viagens Sustentáveis 2022, estudo encomendado pela Booking, 90% dos entrevistados brasileiros afirmam que pretendem viajar de maneira mais sustentável nos próximos 12 meses. Os dados relevam um aumento de 12 pontos percentuais em relação aos números da empresa em 2021.

EcoGoiás

Não é de hoje que a Cidade de Goiás tem visto o Ecoturismo como uma grande mina de atração de visitantes. O secretário municipal de Turismo de Goiás, Rodrigo Borges, que atua com ecoturismo há mais de 30 anos, explica que o modelo de turismo da cidade não está focado apenas no quesito econômico.

“A Cidade de Goiás está trabalhando em um projeto de turismo sustentável e responsável. O modelo de turismo que estamos implementando aqui não está focado, única e exclusivamente, na questão econômica. Esse projeto vai além, e abrange a questão social e da valorização da cultura da região”, explicou Rodrigo.

Segundo o presidente da Goiás turismo, o Brasil é considerado como o principal destino de natureza do mundo e o nono do aspecto cultural. Goiás, por sua vez, tem uma boa colocação em âmbito nacional.

“Goiás, seguramente, está entre os cinco destinos de natureza do Brasil. Quer dizer que Goiás está a nível mundial de natureza e isso significa que nós precisamos trabalhar isso. É preciso ter logística e trabalhar a qualificação de forma contínua. Turismo de natureza em Goiás é algo muito significativo”, esclareceu.

E por falar em turismo cultural, a maioria dos empreendedores do turismo da Cidade de Goiás são moradores do local, o que segundo o secretário, ajuda a preservar as raízes culturais do município.

“A cidade de Goiás tem uma rica produção cultural que é o nosso diferencial. Nós temos um calendário de eventos culturais muito forte. Para manter esse calendário vivo é extremamente importante valorizar e preservar a cultura local”, explicou Rodrigo.

O movimento de conscientização e de empresas que praticam o turismo sustentável vem crescendo nos últimos anos. “Os empresários sérios são os maiores incentivadores da preservação da natureza. Nós não podemos confundir exploração da natureza de forma predatória com turismo”.

Foto: Elisa Barreto. Governo de Goiás.

O presidente pontua quais são as principais ações para incentivar o ecoturismo em Goiás. “Hoje nós temos linhas de crédito especializadas na área ambiental, canais especializados, influenciadores que trabalham apenas com questões de sustentabilidade ambiental. Atualmente, se a empresa não tiver pilares voltados para sustentabilidade os turistas não voltam”, ressaltou.

A cidade de Goiás está investindo em atividades de turismo sustentável e na devida capacitação, que promove a consciência ambiental, conserva e protege o meio ambiente para que o turismo se transforme na principal fonte de riqueza para o município.

“O turismo e o ecoturismo são atividades que distribuem riqueza. O turismo tem o papel de fazer com que o recurso dessa atividade chegue em vários setores da economia”.

Em Pirenópolis o turismo já representa cerca de 70% da economia da cidade. Mas segundo Vanessa, ainda é preciso muita evolução em relação ao ecoturismo.

“Infelizmente ainda existe um fluxo de pessoas que viajam e não estão preocupados com o depois, com o que elas deixam naquele espaço. É um trabalho de conscientização com os turistas em relação ao uso dos espaços naturais”, explicou.

Ao mesmo tempo o movimento de ecoturistas tem aumentado o que é um incentivo para o setor. “Nós também temos muitos ecoturistas e isso dá muito orgulho para gente. Os ecoturistas são muito cuidadosos e se por acaso encontram algo no meio do caminho fazem questão de recolher e um incentiva o outro a continuar as boas práticas, como uma corrente do bem”, finalizou.

Outros dados

Em 2019, Goiás recebeu cerca de 8 milhões de pessoas, número superior a população do estado. O principal município, e que é considerado o eixo condutor do turismo em Goiás é Caldas Novas, cidade que recebeu quase metade dos turistas que vieram para o estado no ano que antecedeu a pandemia.

Outras cidades que atraem um grande número de visitantes são Pirenópolis que chama atenção pelas paisagens deslumbrantes, turismo de aventura e o ecoturismo e a Cidade de Goiás que tem grande demanda pelo turismo cultural. Além de outros destinos bastante procurados como a Chapada dos Veadeiros e o Araguaia.

Pirenópolis recebe cerca de um milhão de visitantes por ano, e apesar do setor ainda estar se recuperando, o turismo segue como a principal fonte de renda para o município.

“Hoje eu posso dizer que o turismo é a principal economia de Pirenópolis. A pandemia trouxe essa confirmação com todos os fechamentos e reflexos na economia. A cidade não é capaz de consumir todos os comércios e serviços que temos aqui”, afirmou a secretária de Turismo de Pirenópolis, Vanessa Leal.

O turismo é um braço importante da economia, apesar da dificuldade em ter dados precisos, devido aos repasses desses dados pelos municípios, em 2019, esse setor corresponde a 9,2% do PIB goiano.

“Goiás é um local muito rico, principalmente com agronegócio, mas se eu for mensurar a riqueza gerada pelos tributos estaduais e municipais, seguramente esse valor passa para 15%” pontuou o presidente da Goiás Turismo, Fabrício Amaral.

Outro fator importante e que é o diferencial do turismo é a relevância desse setor para gerar empregos.

Segundo Fabrício Amaral, o Turismo na geração de emprego é quase imbatível. “Nós temos mais de 14 mil bares e restaurantes registrados com a média de três a cinco funcionários. Estamos falando de 60 mil funcionários só nesse ramo, fora os hotéis, hotéis-fazenda e guias. Os números são muito expressivos, é um setor que precisa de cuidados e investimento para que continue dando frutos”, afirmou.

Repense

Esta reportagem integra a série Repense Consumo desenvolvida pelo Sistema Sagres com o apoio da Fundação Pró Cerrado. Ao longo de 12 episódios vamos aprofundar sobre temas relativos a sustentabilidade, a produção e consumo, que estão conectados ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável – ODS 12 da Organização das Nações Unidas (ONU), que é “Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis”.

Nesta reportagem retratamos como é feito o descarte correto do lixo eletrônico. No entanto, outro resíduo que preocupa especialistas do meio ambiente é o lixo hospitalar. Esse assunto você confere na semana que vem, na reportagem de Sinval Lopes.