Neste mês de junho chega ao fim o mandato de Hailé Pinheiro na presidência do Conselho Deliberativo do Goiás Esporte Clube. Foram muitos anos na liderança do órgão que agora será comandado pelo sobrinho Edminho Pinheiro. Empresário aposentado, Edminho recebeu a reportagem do Sistema Sagres de Comunicação para uma entrevista e destacou os motivos que o fizeram assumir a presidência do Conselho. 

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“Eu não quero ser presidente, eu vou ser presidente porque nesse momento eu não poderia furtar suceder Hailé Pinheiro. Ele está passando o bastão nesta primeira eleição depois de 50 anos, eu não teria como dizer não para ele. Esse era o sonho do Hailé e assim eu vou realizar esse sonho dele em vida”, frisou. 

No dia 14 de junho, Edminho Pinheiro será aclamado e terá três anos à frente do comando esmeraldino, segundo ele, para realizar um sonho de Hailé Pinheiro. 

“Não seria (presidente), ainda mais nesse momento, tenho minha vida muito bem resolvida, estou aposentado das minhas empresas, trabalhando só na fazenda, morando praticamente só na fazenda, com meus netos. Mas a minha hora chegou, sem a minha vontade chegar. Porém, isso não quer dizer que mudarei uma vírgula do que eu penso, da tamanha responsabilidade que é substituí-lo como presidente. Nunca vou substituí-lo como o arco do Goiás, como a história do Goiás, porque Hailé Pinheiro é insubstituível. Será insubstituível e eu jamais terei essa pretensão”, afirmou. 

Edminho Pinheiro – Goiás Esporte Clube (Foto – Sagres Online)

Edminho também detalhou os objetivos e desafios para sua gestão no Conselho Deliberativo do Goiás e revelou como é sua relação com o presidente executivo do clube, Paulo Rogério Pinheiro. 

“É a mesma que tivemos nesse um ano e meio, de brigas e discussões, mas no final o Goiás está acima de todos nós. O Paulo Rogério foi um pedido, uma insistência. O Hailé Pinheiro era contra, porque não queria ver seu filho na presidência, mas eu mostrei para ele que não existia outra pessoa para assumir o Goiás a não ser o Paulo Rogério. Neste um ano e meio nós reconstruímos o clube, que estava completamente destruído na Série”, pontuou.  

“Estamos lutando como ninguém, retornamos o clube para a Série A e estamos em uma caminhada muito difícil para nossa afirmação neste ano de 2022. Podem ter certeza de que a relação do executivo com o conselho será sempre com o Goiás acima de tudo. Minhas divergências, brigas e amores pelo Paulo Rogério, até por uma questão de afinidade familiar, somos primos-irmãos, isso ninguém tira de nós. Então, o Goiás está muito bem conduzido, tanto no executivo quanto no legislativo”, concluiu.

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SAF no Goiás 

Sobre a transformação do clube sem fins lucrativos, para um clube-empresa, que visa lucros, Edminho Pinheiro disse que o Goiás está estudando as melhores formas de se transformar em uma SAF e ressaltou que não pretende colocar a administração do clube nas mãos de um investidor.  

“Dificilmente eu vejo um clube que alguém venha a investir sem mandar, acho pouco provável. Não têm sentido alguém fazer um investimento, esperando um retorno com outras pessoas comandando. A SAF poderá acontecer para o Goiás, deve acontecer, só não sabemos quando. Mas com certeza o Goiás saberá escolher o modelo e as condições manterão, muito daquilo que acontece desde a sua fundação. Tomaremos muito cuidado com isso, até porque se Deus quiser não estaremos vendendo o almoço para comprar a janta”, explicou. 

Edminho ainda frisou que em caso de uma transformação do Goiás em SAF, as cores e o escudo devem ser mantidos. 

“Esse é o pilar de qualquer SAF de clubes de massa. Não vejo como um clube, por exemplo, o Botafogo, passar a ser vermelho e preto, ou o Goiás ser branco e vermelho. Então, esses pilares são inegociáveis, o que nós vamos tentar é também sermos parceiros da SAF, construindo juntos. Pode até ser que o comando seja deles, mas o patrimônio do clube e os resultados futuros precisam ser divididos entre os seus sócios que permanecerem a época”, ressaltou. 

Liga de Clubes 

O novo presidente do Conselho Deliberativo do Goiás também analisou a criação da Libra e salientou que o objetivo do Goiás é encontrar uma “maneira do futebol brasileiro ser igual” para todos os clubes. 

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“A diferença entre os clubes já existe naturalmente, o Goiás não tem a pretensão de ser do tamanho de um Corinthians, isso é impossível. Até porque estamos em um cep onde a nossa economia é inferior ao estado de São Paulo. Mas para que você mude um campeonato, onde todos possam disputá-lo de maneira equilibrada, é preciso ter a parte que se divide igualmente para todos, mais equilibrada. Não posso pensar que eu sou o maior e tenho que ficar com a maior parte, ninguém faz campeonato sozinho. Acho que no futuro todos nós vamos encontrar um caminho, não tenho dúvidas disso”, disse. 

“Agora nós vamos tocar a nossa vida independente do grupo da Libra, que é praticamente não é Libra é Lipra. É uma liga dos times de São Paulo mais três clubes do Rio, comandada praticamente pela Federação Paulista de Futebol. Acho que no futuro eles entenderão que o caminho que eles pretendiam seguir não será possível, porque liga de seis ou sete times, nem de futebol de botão é possível”, completou. 

Escolha do Conselho 

A eleição para a presidência do Conselho Deliberativo do Goiás acontecerá com apenas um nome na disputa agora. O ex-presidente do Verdão, Sérgio Rassi, abriu mão da disputa. Com isso, apenas Edminho Pinheiro, atual vice-presidente do Conselho, será aclamado no dia 14 de junho. O empresário destacou como escolheu sua os membros de sua chapa. 

“A construção dessa chapa é de várias pessoas, o Conselho não é meu, eu vou presidir ele. Não posso ter a pretensão e a ousadia de querer colocar todas as pessoas que sejam ligadas a mim. Lá tem pessoas que tinham a pretensão de lançar uma candidatura, mas estamos juntos agora, somos todos Goiás”, salientou.

“O que sentimos nesse momento foi uma ânsia muito grande das pessoas em apoiar essa nova Chapa e eu fiquei muito feliz com isso. Quando comecei a pensar nos nomes, o primeiro que veio à minha cabeça foi o de um grande amigo, que ocupa um cargo importantíssimo para o nosso Estado, que é o presidente do Tribunal de Contas do Estado, nosso conselheiro Edson Ferrari”, destacou.  

“E o outro nome, eu não tive dúvidas, o dia que ele foi na eleição do presidente Paulo Rogério, que era oposição, dita por muitos, e que não conseguiu naquele momento registrar a sua candidatura para colocar as suas ideias, mas teve a humildade ir lá me abraçar o Hailé, é o nosso querido vice-presidente do Conselho, Vanderlan Alcântara, que será meu vice com muito prazer”, completou.  

Hailé Pinheiro e seu legado

Após anos tendo Hailé Pinheiro como presidente do Conselho Deliberativo do Goiás, Edminho Pinheiro entende que o legado de Hailé não será esquecido.  

“O ciclo do Hailé Pinheiro jamais se encerrará, porque o que ele fez e vai deixar para o Goiás, jamais se esquecerá, jamais. Então, não tem como suceder Hailé Pinheiro, não tem como. Eu digo que é um processo natural de alguém que com seus 85 anos de vida e que infelizmente tem lutado contra uma doença dolorosa para nossa família. Mas ele está lutando bravamente e irá vencer”, disse. 

“Hailé está passando o bastão de uma corrida onde com 50 anos ele carregou o bastão junto, já entregou o bastão para o seu filho na presidência executiva e agora me passa esse bastão no Conselho Deliberativo que é o órgão máximo do clube. Quando eu sentar na cadeira de presidente e começar os meus atos de presidente, tenho que a todo segundo, todo minuto, buscar aquilo tudo que Hailé Pinheiro fez por esse clube. Tenho certeza que se eu fizer isso, eu vou errar muito pouco”, finalizou Edminho Pinheiro.   

Confira a entrevista na íntegra: