Nos clubes de futebol as cozinheiras costumam receber um tratamento especial por parte dos atletas. Costumeira e carinhosamente chamadas de ‘Tias da Cozinha’. No Vila Nova não é diferente e as responsáveis pelo preparo das refeições, tem um contato muito próximo com os jogadores. Em homenagem ao Dia das Mães, a reportagem da Sagres 730 conversou com uma das cozinheiras do clube, Sandra Marisa Ferreira.

Sandra com o neto Arthur no colo, ao lado o filho Paulo, o neto Bruno e a nora Lidiane / Foto: Arquivo

Trabalhando no Vila Nova pouco mais de quatro anos, Sandra tem dois filhos já adultos. O mais velho, Paulo Everson, já é casado e tem dois filhos. Os netos são Bruno de 12 anos e Arthur de 3 anos. A filha mais nova, Érica, mora em Porto Alegre e faz pós graduação em História da Arte. Com os filhos crescidos, Sandra afirma transferir seu amor de mãe além de seus filhos, estendendo aos jogadores do clube. “Transferi essa maternidade para os meninos das categorias de base. É um motivo de orgulho estar aqui e poder participar dessa família com eles”, conta com alegria.

Sandra e filha Érica / Foto: Arquivo

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Convivência

À primeira vista, a proximidade maior, é de fato, com os jogadores das categorias de base. Até por ficarem no clube por mais de uma temporada. Segundo Sandra, o fato de serem jovens e ficarem muito tempo de seus familiares, fortalece esse laço entre eles.

“Tem alguns meninos que são muito carentes e a gente sente isso. Quando eles são assim, a gente foca mais neles. Alguns conversam bastante no refeitório com a gente, procuram a gente pra conversar mesmo. Então, a gente sente um carinho especial por eles. Quando ele se sobressaem, é um orgulho muito grande. A gente sente neles, uma carência afetiva de mãe, por estarem longe. Tem alguns que estão cinco anos longe da família. Então, isso faz a gente sentir que eles enxergam na gente, uma pessoa que podem contar”, revela.

Cuidados

Assim como em toda relação de mãe e filho, o relacionamento não fica só na conversa. Preocupação e cuidados são frequentemente vistos na relação entre Sandra e as demais ‘Tias da Cozinha’, com os atletas.

Nesse período de pandemia então, nem se fala. De acordo com Sandra, a preocupação por conta da Covid-19 é constante. Ainda assim, Sandra revela que existe a cobrança e o pedido por parte dela, para que os jovens sempre tenham as medidas protetivas básicas, para evitar a contaminação.

“Nesse período de pandemia, a gente sempre cuida, pede pra usar máscara, álcool em gel. Quando aparece algum que está com Covid, a gente tem aquele cuidado. A preocupação é muito grande, por estarem longe da família. Então a gente se preocupa muito. Cobramos muito, mas é como se fosse com filhos da gente. Peço pra usarem máscara, usar álcool em gel, a gente cobra muito, por medo deles adoecerem. É como se fosse um filho da gente, que adoecesse, e essa é nossa preocupação. Os meninos da base são realmente filhos nossos”, explica Sandra.

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Identificação

Ao passo que os jogadores permanecem no clube de uma temporada pra outra, a proximidade vai aumentando. Um caso clássico no Vila Nova, é do volante Éder Monteiro. Atualmente no elenco profissional, o jogador chegou ao clube com 14 anos. Desde então, Éder passou por todas as categorias de base, até ser integrado ao elenco principal.

Sandra o cita como exemplo, e lembra de outros jogadores, como João Pedro, também integrado no elenco principal e Caíque, atualmente na Tombense-MG. Porém, Sandra cita também, um lado complicado, quando os jogadores deixam o clube.

“O Éder está no meu coração. É ele, o João Pedro, o Caíque também. Então, são muitos jogadores além deles. Mas o Éder realmente é um menino bom demais, muito centrado e está no nosso coração. A grande dificuldade pra gente, é quando eles vão embora. Quando a gente sabe que eles estão saindo pra dar um impulso na carreira, não é tão doído. Mas quando eles vão embora sem contrato, a gente sofre muito por eles. A gente fica torcendo pra eles se saírem bem, quando vencem um jogo, é um orgulho muito grande. Quando perdem, meu Deus, é uma tristeza muito grande. Então, é um sentimento de mãe mesmo”, detalha Sandra.

Acompanhamentos e visitas

O carinho e os cuidados não se resumem apenas aos jogadores das categorias de base. Alguns atletas do elenco profissional que permanecem no clube por mais tempo, também tem esse vínculo próximo com as tias da cozinha. Dois exemplos citados por Sandra são do atacante Caíque, formado na base e negociado com a Tombense-MG, citado novamente. Em seguida, Sandra lembra do zagueiro Wesley Matos, que esteve no clube por três temporadas. Do atual elenco, além dos jovens recém promovidos ao profissional, Jõao Pedro e Éder Monteiro, Sandra destaca a proximidade com o meia Alan Mineiro.

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Diante disso, Sandra afirma sempre acompanhar os jogadores, quando estão seguindo suas carreiras em outros clubes. Segundo ela, apesar de irem embora, o carinho continua e as redes sociais os aproximam. Ainda assim, Sandra revela sua felicidade, ao receber visita desses jogadores, que não estão mais no Vila Nova.

“Quando eles chegam pra gente e dizem que estão indo embora, meu Deus, a gente já pergunta se tem contrato, se vai pra algum lugar. A gente fica na expectativa de estarem bem e eu acompanho, sigo vários no Instagram. O Caíque mesmo na Tombense, estou sempre de olho, pra saber se está bem. O Wesley Matos que está aqui na Aparecidense. A gente fica seguindo, pra saber como está a carreira. Então, é uma atitude de mãe, de cuidado com eles. E quando eles estão em outros lugares e aparecem aqui pra ver a gente, é bom demais. É um sentimento muito bom”, concluiu Sandra.