Com a chegada do segundo semestre escolar, a preocupação com o peso das mochilas volta a ser tema de discussão entre pais, professores e especialistas em saúde. Para debater o tema, o Sistema Sagres de Comunicação recebeu no programa Tom Maior o médico neurocirurgião, Túlio Rocha, que trouxe reflexões sobre o assunto.
“É um assunto sério, parte da nossa rotina. Todo mundo que tem filho, ou conhece alguém, e observa, no momento de sair para a escola, aquela mochila tão grande para uma criança, às vezes, tão pequena. Será que isso não causa prejuízo? Não vai afetar no futuro?”, questiona.
O excesso de materiais escolares pode causar problemas sérios, como dores nas costas, lesões musculares e até deformidades na coluna de crianças e adolescentes. Por isso, a atenção ao peso das mochilas é essencial.
“Essas mochilas pesadas estão presentes, principalmente, na vida das crianças do ensino fundamental I e II, ou seja, aquela que começa a estudar logo nos primeiros anos de idade, até o primeiro grau completo. Essas crianças estão em uma fase de desenvolvimento do seu corpo, principalmente da coluna, que é um segmento muito extenso e está sus”cetível a várias alterações, inclusive com o peso”, alerta.
Mochila ideal
De acordo com a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), a mochila ideal não deve ultrapassar 10% a 15% do peso corporal da criança. Por exemplo, um estudante que pesa 30 kg deve carregar, no máximo, 4,5 kg. No entanto, a realidade costuma ser bem diferente, e muitos estudantes carregam muito mais do que o recomendado, sobrecarregando a coluna e prejudicando a postura.
“A gente sempre preconiza a mochila de rodinhas, ao invés daquela Bag Pack, que é a mochila de costas, principalmente porque as crianças de hoje me parece que elas estão com um excesso de carga de livros, apostilas, material escolar, que deixam a mochila muito volumosa e pesada. Notoriamente, isso causa uma sobrecarga, não só para a coluna, mas para todas as articulações relacionadas, principalmente o ombro, que sofre muito com esse peso”, recomenda.
O uso inadequado das mochilas pode gerar uma série de problemas de saúde. Dores nas costas, ombros e pescoço são as queixas mais comuns, mas o impacto pode ser ainda maior. Especialistas alertam para a possibilidade de desenvolvimento de escoliose, um desvio lateral da coluna, além de lesões musculares que podem se agravar ao longo dos anos.
“O peso excessivo e o mau uso da mochila são fatores que podem desencadear problemas de postura que, se não tratados, podem se estender para a vida adulta”, afirma.
Outras opções
Para evitar problemas, é importante seguir algumas orientações na escolha e uso da mochila. Dê preferência a modelos com alças largas e acolchoadas, que distribuam o peso de forma equilibrada. Mochilas com cintas para ajuste na cintura também ajudam a reduzir o impacto sobre a coluna.
Outro ponto importante é ajustar as alças para que a mochila fique posicionada próxima às costas, evitando que ela fique pendurada abaixo da linha da cintura. O ideal é que os materiais mais pesados fiquem próximos às costas, enquanto os itens mais leves devem ser distribuídos nas partes externas da mochila.
Além disso, é fundamental que os pais incentivem seus filhos a revisar diariamente os materiais que serão levados à escola. Muitos estudantes têm o hábito de carregar cadernos e livros desnecessários, aumentando o peso de forma desnecessária.
Confira a entrevista na íntegra a seguir:
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 3 – Saúde e Bem-Estar
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