A Universidade Federal de Goiás (UFG) receberá na próxima terça-feira (10), às 15h, a palestra “Futebol, Memória e Patrimônio & Territórios do Torcer”. O evento, que será no auditório da Faculdade de Ciências Sociais da UFG, Campus Samambaia, em Goiânia, vai discutir o futebol como fenômeno social e cultural que reúne e aproxima a sociedade.

No estúdio da 730 nesta quarta-feira (5), no quadro Educação do programa Cidadania em Destaque, a apresentadora Cecília Barcelos recebeu o doutor em Sociologia, com enfoque em Sociologia do Esporte, Fernando Trejo, e a internacionalista e orientanda no Mestrado de Sociologia da UFG, Laura Yoshida.

Ouça a seguir a entrevista na íntegra

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“O evento tem a ver com as dimensões dos torcedores, isto é, como os torcedores se inserem dentro deste universo cultural que é o futebol”, pontua Trejo.

A respeito dos chamados Territórios do Torcer, o sociólogo relata que existem diversos tipos de territórios, e destaca as relações estabelecidas com os torcedores e as entidades ligadas ao futebol.

‘Tem um território que é o mundo do futebol, e tem um território particular um pouco mais específico que é o dos torcedores, como que eles se relacionam com o futebol, com os clubes e entre si. Aí tem diferentes tipos de laços sociais, Alguns são muito mais tensos, como por exemplo as facções que existem nas torcidas, a tensão que existe com o Estado e com a polícia. É um fenômeno muito complexo e por isso queremos debatê-lo com especialistas”, pondera.

Entre os especialistas, estarão na capital o professor da Fundação Getúlio Vargas, Bernardo Buarque de Hollanda e a diretora de Conteúdo do Museu do Futebol de São Paulo, Daniela Alfonsi. Uma das discussões que serão abordadas durante o evento é a relação da violência com os torcedores.

“Ninguém nasce vândalo. Tem acontecimentos, circunstâncias, às vezes lógicas culturais, que são expressadas através da briga. Isso é o que tem que ser trabalhado através de ferramentas educacionais e negociações como tem acontecido em outros países”, afirma.

Não apenas dentro e fora dos estádios brasileiros a violência tem marcados cada vez mais presença. O comportamento hostil entre representantes de torcidas organizadas preocupa a organização da próxima Copa do Mundo, na Rússia.

Na última edição da Eurocopa, disputada na França em 2016, torcedores russos e ingleses travaram verdadeiras batalhas que quase custaram a permanência das seleções na competição. Para a socióloga Laura Yoshida, a violência que ronda as torcidas começa por um sentimento de expressão.

“Ele vai ao estádio não somente para torcer pelo time dele, mas para marcar presença, porque é uma forma de ele se expressar, de conviver com os amigos. Ele tem em si esse sentimento de querer se expressar e, infelizmente, muitas vezes, pela forma de violência”, explana.