Dor no corpo, febre alta, mal-estar e manchas vermelhas no corpo. Não, desta vez não estamos falando de dengue. Trata-se da febre maculosa. A doença é transmitida pelo carrapato-estrela do gênero Rickettsia que, por sua vez, é diferente do aracnídeo que acomete os cachorros em casa, por exemplo. É o que explica à Sagres o professor de Medicina do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Lucas Edel.

“É uma doença de curso vetorial que tem envolvido um carrapato, e que acaba albergando essa bactéria e transmitindo à sua prole quando esse carrapato se reproduz e, depois, transmitindo para animais ou seres humanos”, esclarece.

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No entanto, Edel explica que a transmissão da doença não ocorre instantaneamente. Segundo o professor, o carrapato-estrela infectado precisa permanecer mais tempo picando a pele humana para que a bactéria causadora da febre entre na corrente sanguínea.

“[Leva] Em média de 4 a 6 horas para ele ter a capacidade de transmitir a bactéria. Ou seja, não basta apenas, por exemplo, ‘o carrapato subiu e mim, já vou pegar a febre maculosa’. Não. Tem um tempo para que a bactéria saia do aparelho bucal desse carrapato e consiga alcançar o tecido daquele ser humano ou animal”, argumenta.

Goiás

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO), Goiás registrou apenas 5 casos de febre maculosa entre 2019 e 2023. Embora o estado não muitos casos da doença, Edel afirma que trata-se do território ideal para a transmissão, por conter muitas zonas rurais e de mata.

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“São nessas atividades em que a gente se desloca, seja em uma chácara próxima à sua residência, mas uma área que é propícia para a manutenção desse tipo de carrapato”, afirma.

Pode ser confundida com dengue

Embora tenha sintomas parecidos com os da dengue, a febre maculosa pode causar maior sofrimento ao paciente, com picos febris mais altos e súbitos e manchas avermelhadas em regiões periféricas do corpo.

“O início é semelhante, por um ou dois dias, mas depois ela começa a manifestar um pico febril muito mais alto, essas dores se intensificam muito mais, ou seja, deixa de parecer uma simples dengue e passa a verificar uma coisa mais grave que está ocorrendo com esse paciente”, explica.

Letalidade e medidas de prevenção

Além disso, a taxa de letalidade da febre maculosa é alta. Lucas Edel afirma que o quanto antes a doença for detectada, maiores as chances de cura. “No Brasil, a letalidade média é em torno de 32%. A cada 10 pessoas com febre maculosa, três morrem. O quanto antes detectar e iniciar o tratamento, maior é a probabilidade de sobrevida desse paciente”, considera.

Em caso de sintomas, relatar ao médico que esteve em área rural ou de mata é fundamental. Lucas Edel reforça algumas medidas de prevenção para quem esteve ou pensa em ir para esses locais.

“Utilizem roupas de manga comprida porque facilita a visualização do carrapato e que sempre faça uma inspeção do corpo. Os carrapatos gostam de locais mais quentes e úmidos. São regiões de virilha, de braço, de pé entre os dedos”, conclui.

Este conteúdo está alinhado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) ODS 03 – Saúde e bem-estar

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