A primeira Parada LGBTQIA+ do Brasil ocorreu em 25 de junho de 1995, no Rio de Janeiro. A data não é por acaso. Junho é o Mês do Orgulho LGBTQIA+. No Brasil, a maior Parada do planeta acontece em São Paulo, na Avenida Paulista, que recebeu 4 milhões de pessoas em 2022. No entanto, o que pouca gente save é que Goiânia foi a segunda cidade brasileira a realizar o evento, em 1996. É o que conta o fundador da Associação da Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Goiás, Marcos Silvério, no Conexão Sagres.

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“Foi na Praça Cívica com nove militantes gays e 20 policiais para garantir a segurança. Existia uma intenção do movimento de envolver o Monumento Às Três Raças com a bandeira do arco-íris, mas tudo isso foi rechaçado pela polícia. O registro histórico que temos hoje é uma foto dessas [nove] pessoas de mãos dadas em volta do monumento”, relata Silvério.

Neste ano, entretanto, a Parada do Orgulho LGBTQIA+ em Goiânia espera reunir cerca de 100 mil pessoas. O evento acontece neste domingo (25) na Praça Cívica, a partir das 12h, e terá como tema “Transfobia Mata: Acolher, Proteger e Respeitar”. Além disso, a mobilização deve seguir à tarde em marcha, a partir das 16h, pelas Avenidas Araguaia, Paranaíba e Tocantins.

Primeira Parada do Orgulho LGBTQIA+ em Goiânia, em 1996, a segunda realizada no Brasil, contou com mais policiais do que manifestantes (Foto: Acervo/Memória UFG)

Surgimento do orgulho LGBTQIA+

O ano era 1969. Um bar em Nova York, o Stonewall Inn, se tornou local do marco zero da libertação gay. O dia 28 de junho ficou marcado como o momento em que o ativismo pelos direitos LGBTQIA+ ganhava as ruas e o debate público.

Uma batida policial no estabelecimento, sob o pretexto de interromper a venda de bebidas destiladas, já que não tinha licença para a comercialização, além de outras abordagens policiais que já vinham ocorrendo em bares gays da região, motivou a mobilização. 

Foi com esse contexto histórico, que levou à escolha de junho como Mês do Orgulho LGBTQIA+, que o secretário executivo de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas de Goiânia, Eduardo Oliveira, o Dudu, abriu a edição do Conexão Sagres desta semana. 

“Há uma efervescência nessa primeira, quase segunda quadra do século passado de movimentos sociais ligados às mulheres, à igualdade racial nos Estados Unidos. Ou seja, pelo mundo todo houve essa efervescência de possibilidade de direitos”, afirma Dudu. 

No Brasil, contudo, o movimento começou a se desenvolver por volta dos anos 70, em meio à ditadura civil-militar (1964-1985). São Paulo, por exemplo, teve a sua primeira edição em 1997, inicialmente com cerca de 2 mil pessoas.

“O Brasil tem, nada mais nada menos, do que a maior Parada LGBTQIA+ do mundo. Esse reflexo acaba gerando mobilizações, pautas que são diversas. O Brasil tem uma coisa que é totalmente diferente do resto do mundo. A gente carnavaliza a nossa Parada, seja em Goiânia ou em qualquer cidade pequena desse país. É uma coisa muito parecida em todas, é a alegria que só a população LGBT tem para mostrar, mesmo com toda a violência, repressão e estigma. Eu também sou um homem gay. É importante que a gente consiga mostrar a nossa identidade e a nossa felicidade”, afirma Dudu. 

Eduardo Oliveira e Marcos Silvério abordam o tema LGBTQIA+ no Conexão Sagres (Foto: Sagres TV)

História

Os primeiros registros históricos de homossexualidade, todavia, datam de 1.200 A.C. Pesquisadores afirmam que ela era aceita em diversas civilizações ao longo da história. É o que analisa o fundador da Associação da Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Goiás, Marcos Silvério.  

“Na Grécia antiga, na Roma antiga, existia uma grande liberdade sexual. Tanto que vazos da época, pradaria, moedas, eram ilustrados com orgias em praça pública, e todo mundo achava isso natural. Aí vem o Cristianismo, se impõe como religião dominante e começa a repressão. Houve um momento em que o LGBTQIA+ eram queimados em fogueiras”, destaca Silvério. 

Confira a edição, na íntegra, do Conexão Sagres #15 

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) ODS 05 e 10 – Igualdade de gênero e Redução das desigualdades, respectivamente.

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