Um levantamento do MapBiomas mostrou que 57% dos municípios da Mata Atlântica têm menos de 30% de vegetação natural. Segundo o estudo, Goiás é o segundo estado com menor cobertura nativa desde 2021 entre os 17 estados em que o bioma está presente, com 19,5% de vegetação.

Assista a entrevista na íntegra:

O coordenador do Mata Atlântica MapBiomas, Luís Fernando Guedes,  explicou que a Mata Atlântica ocupa 15% do território nacional e está presente em mais de 3,4 mil municípios do país. Apesar do bioma mais predominante em Goiás ser o Cerrado, o estado também concentra áreas de Mata Atlântica nas regiões próximas a Minas Gerais e ao Mato Grosso do Sul. 

“São aquelas regiões com matas maiores, com maior floresta e são florestas que perdem as folhas na época seca porque é uma região que tem um período seco muito claro, mas a Mata Atlântica é super importante para a biodiversidade, para a proteção e a conservação da água, e também é importante para a produção de alimentos, assim como o Cerrado. porque abriga insetos que são importantes para a polinização e a produção das culturas”, disse Guedes.

O coordenador do MapBionas destacou que algumas espécies do bioma estão ameaçadas de extinção, inclusive o Pau-Brasil, que é o nome de uma espécie de árvore da Mata Atlântica que deu origem ao nome do país. Guedes pontuou os aspectos mais preocupantes de ter menos de 30% de vegetação natural da Mata Atlântica.

“Desde 1985 até 2021 a  gente perdeu quase 10 milhões de hectares de mata atlântica, o que é praticamente duas vezes um estado do Rio de Janeiro, e o resultado é que hoje só temos 24% da área original de Mata Atlântica coberta com florestas. Outro ponto importante é que o que sobrou está distribuído de maneira muito desigual em regiões do país. Está muito mais concentrada na região da serra do mar de São Paulo, Paraná e vai até o Rio de Janeiro, mas temos regiões como por exemplo, em Goiás, onde só temos 20% da área original de Mata Atlântica”, observou.

Impacto

Luís Fernando Guedes lembrou que algumas áreas de Mata Atlântica estão voltando em projetos de recuperação, porém, disse que o saldo entre a perda e a recuperação ainda é muito negativo porque o bioma perdeu uma área líquida de mais de 1 milhão de hectares em 35 anos.

“E é importante lembrar que uma floresta que a gente perde tem um dano quase irreversível. Até ela voltar, mesmo que a gente recupere a floresta, leva décadas para ela ter a mesma quantidade de carbono, a mesma biodiversidade e a gente pode ter extinto espécies que nunca mais retornarão”, pontuou. 

Segundo o MapBiomas, 70% dos brasileiros vivem em áreas da Mata Atlântica. O levantamento apontou que em 1985 a mata ocupava uma área de 27,1% do território e caiu  para 24,3% em 2021. Guedes explicou quais fatores contribuíram para a diminuição de áreas de cobertura nativa do bioma.

“A maior parte do desmatamento foi causado pela agropecuária e ocupadas por pastagens ou por agricultura. E a segunda causa em menor proporção mas também muito importante  está em volta das grandes metrópoles e cidades e também na região litorânea da Mata Atlântica. É a expansão das cidades e o crescimento da infraestrutura urbana, o crescimento do turismo, onde a gente tem muitos pequenos desmatamentos que acabam tirando a floresta para colocar cidades, estradas e infraestruturas no lugar”, disse.    

Leia mais: