Gripe espanhola matou milhões há 100 anos (Foto: Reprodução/Youtube)

Uma pandemia mundial de rápido contágio e que provocou incontáveis mortes. Apesar dos termos estarem presentes no cotidiano, não estamos falando da Covid-19 provocada pelo Coronavírus, mas sim de uma doença que há pouco mais de 100 anos provocava, cerca de 50 milhões de mortes pelo mundo, sendo que 35 mil delas no Brasil, que ficou conhecida com a gripe Espanhola.

Quando a Primeira Guerra Mundial chegou ao fim, no final de 1918, a Europa estava devastada e se mostrou vulnerável para a proliferação do vírus H1N1. É o que rememora o médico infectologista Boaventura Braz de Queiroz. Segundo ele, o mundo todo estava sem condições econômicas e em uma situação precária do ponto de vista sanitário e tecnológico.

“O mundo, como um todo, estava saindo da Primeira Guerra Mundial, Alemanha destruída, a França destruída, a Inglaterra bem prejudicada, a Inglaterra saiu com a parte econômica debilitada, então o mundo não tinha nenhuma condição econômica e havia uma situação muito precária nutricional e do ponto de vista tecnológico, não tinha nenhuma condição de assistência médica de qualidade que exigia qualquer paciente que estivesse acometido com a gripe espanhola”, conta. “Aquele primeiro H1N1 pegou toda população mundial desprotegida, nesse aspecto ele se assemelha ao que nós estamos assistindo com coronavírus que todos os todas as pessoas são suscetíveis a esse vírus tanto quanto era H1 N1 da gripe espanhola”, completou.

O professor de história, geopolítica e comentarista do programa Sagres Internacional, Norberto Salomão relata que a coincidência entre o fim da primeira guerra e o início da pandemia da Gripe inviabiliza ainda hoje a real contabilidade do número de mortes provocadas pela doença.

“Como isso ocorreu durante a Primeira Guerra Mundial, então se confundiram as mortes da guerra com as mortes da gripe espanhola, até porque o número de pessoas que morreu e a faixa etária, era entre jovens adultos, então esses números acabaram se confundindo”, explica. “A origem não se sabe ao certo, mas há uma probabilidade muito grande que ela tenha começado no estado do Kansas, nos Estados Unidos, em um grupamento de militares que foram para a Primeira Guerra Mundial e dali a gripe espanhola viralizou”.

Por serem virais, as doenças têm sintomas semelhantes. Mas a diferença está na faixa de idade da população atingida. O médico infectologista, Boaventura Braz detalha que, diferente do coronavírus, a gripe espanhola acometia crianças e adultos jovens e forma mais severa.

“O H1N1 da gripe espanhola acometia crianças e adultos jovens, ele foi mais agressivo com essa faixa da população, já o coronavírus é muito agressivo com essa população acima dos 65 anos e com alguma doença a mórbida”, explica. “Nesses aspectos já podemos fazer um paralelo que as condições socioeconômicas do momento da gripe espanhola eram muito piores do que a atual, porém nós ainda não sabemos que vai significar o coronavírus nesses países subdesenvolvidos e países com uma condição social econômica e de saúde precária, nós vamos assistir isso agora”.

Se os reflexos atingiram faixas etárias diferentes, o grau de expansão da gripe espanhola foi semelhante ao do coronavírus, como destaca Norberto Salomão. “A grande pandemia teria matado cerca de 50 milhões de pessoas, os números são muito questionáveis para esse período, tendo em vista a dificuldade de notificações então os números são aproximados. Outra questão é que essa pandemia tomou conta do mundo, atingiu vários continentes e áreas que eram consideradas isoladas, como a Nova Zelândia e a Austrália, então, sem dúvida, pela projeção que a doença teve em todos os continentes, até o momento é a maior”.

Mas sendo uma doença de abrangência mundial, provavelmente com origem nos Estados Unidos, de onde então veio então o nome gripe espanhola? “Esse nome gripe espanhola deu-se ao fato de que a Espanha realmente não estava na Primeira Guerra Mundial e por isso a sua imprensa não tinha tantas amarras para falar sobre várias notícias, como era neutra na Primeira Guerra Mundial ela vai focar muito nas notícias sobre a gripe e os efeitos da gripe”, explicou o professor de história e geopolítica.

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