Foi lançado nesta quinta-feira (18), em Goiânia, um projeto inédito no Brasil que disponibiliza computadores personalizados para estudantes da rede municipal de ensino da capital. O objetivo do programa Aluno Sempre Conectado (Ascon) é estimular a inclusão digital, a aprendizagem através da tecnologia e o contato dos alunos com as áreas de Inteligência Artificial, Segurança de Cibernética, Cyberbullying e outras.

O programa estava em fase de testes desde janeiro, quando foram entregues mais de 100 computadores para turmas do oitavo ano do ensino fundamental de três escolas municipais. A iniciativa é da multinacional norte-americana Qualcomm, que escolheu Goiânia para o projeto. O Ascon está sendo implementado em parceria com o Instituto Crescer, entidade executora de projetos de inovação na área educacional.

No evento desta quinta, foi anunciada a expansão do projeto para uma quarta escola de Goiânia. A ideia da Secretaria Municipal de Educação (SME) é que o Ascon alcance todos os cerca de 70 mil alunos do ensino fundamental. “Estamos fechando um convênio com todo o processo fechado para ampliar essa rede de conhecimento junto com os alunos conectados às escolas municipais”, afirmou o prefeito Rogério Cruz (Republicanos). 

Prefeito de Goiânia participa do lançamento do Ascon em Goiânia. Rogério Cruz disse que convênio para expansão do projeto está fechado. (Foto: Lucas Xavier/Sagres)

Tecnologia pedagógica

Os computadores ofertados são do modelo chromebook, um dispositivo que tem bateria com duração de até 11 horas e conexão permanente com a internet, dependendo apenas do sinal de uma operadora parceira do projeto.  O vice-presidente de Relações Governamentais da Qualcomm, Francisco Soares, disse que  o objetivo é que o estudante possa acessar o dispositivo a qualquer momento.

“O aluno pode fazer suas tarefas na escola, fora da escola, sete dias na semana, 24 horas por dia, se ele quiser. Esse é o interesse do projeto, não estamos aqui para levar conectividade à escola, nós queremos conectar o aluno porque ele não está sempre na escola. Onde estiver, ele pode desempenhar suas atividades com tranquilidade porque ele tem um dispositivo à disposição”, explica.

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O secretário municipal de Educação, Wellington Bessa, explica que o objetivo principal do programa é produzir resultados pedagógicos. “O equipamento por si só não possibilita a inclusão digital e o desenvolvimento pedagógico. Esse projeto é diferente porque ele concede o equipamento e traz intencionalidade pedagógica. O projeto vai muito além de uma inclusão digital, abrange principalmente a inclusão pedagógica, possibilita que esse estudante tenha ferramentas para poder avançar nos estudos.”

A implementação pedagógica do Ascon é de responsabilidade do Instituto Crescer. A diretora da entidade, Luciana Allan, pontua que o uso correto das tecnologias é fundamental para a inclusão digital e a eficiência do projeto. “ A gente trabalha na perspectiva do letramento digital desses alunos, da aprendizagem sobre a cultura digital e sobre o mundo digital. O estudante vai aprender a usar tecnologia de forma segura, ética, conhecer recursos que podem ajudá-lo a desenvolver melhor suas estratégias laborais em diferentes lugares do Brasil e do mundo, respeitando as diferentes culturas”, avalia.

O diretor de Investimento e Inovação do Ministério das Comunicações, Pedro Lucas da Cruz, também esteve presente no evento. Ele reforçou a necessidade das ferramentas pedagógicas para o sucesso das tecnologias nas escolas e elogiou a iniciativa. “O governo federal está mobilizado no sentido de desenvolver iniciativas coordenadas e de impacto para a conectividade em escolas do País. Iniciativas como essa só mostram que temos muito trabalho a fazer e muitos exemplos a seguir.”

Diretora do Instituto Crescer, Luciana Allan. (Foto: Lucas Xavier/Sagres)

As unidades selecionadas para a fase de testes são a Escola Municipal Ernestina Lina Marra, no Parque Industrial João Braz, região oeste; Escola Municipal Professora Silene de Andrade, no Residencial Aruanã I, região leste; e a Escola Municipal João Braz, no São Judas Tadeu, região norte de Goiânia.

Tutores

Uma das principais estratégias para o desenvolvimento das atividades do Ascon é a atuação dos tutores, estudantes da própria turma que possuem facilidade de manipulação dos computadores. Para cada turma são selecionados três tutores, que têm a função de auxiliar estudantes e professores nas dificuldades de uso dos equipamentos. Os tutores também têm aulas quinzenais sobre as plataformas do Google, desenvolvedora dos chromebooks.

Isabelly Cristiny Pereira Lima, de 13 anos, estudante e tutora na escola Silene de Andrade, conta que os estudantes também são orientados a construir mapas mentais na plataforma, técnica de aprendizagem que pode ser utilizada em todas as áreas do conhecimento e melhor aproveitada com os recursos tecnológicos dos computadores. Ela também lembrou de uma atividade do Ascon sobre cyberbullying, em que os estudantes criaram podcasts sobre o assunto.

Isabelly Cristiny Pereira Lima, de 13 anos, é das três tutoras da Escola Municipal Silene de Andrade. (Foto: Lucas Xavier/Sagres)

“A gente grava as entrevistas e faz tudo direto no chromebook, grava todo o podcast, coloca música de fundo, faz toda a edição, tudo isso no chromebook, usando a internet dele.  É um projeto muito legal que pode ajudar nas profissões futuras dos alunos”, avalia a tutora, que quer seguir carreira na área de Engenharia Mecatrônica. O estudante Bruno Carvalho Lacerda, de 13 anos, tutor na Escola Ernestina Lina Mara, observou os resultados do projeto na prática. “Alguns alunos que não se interessavam tanto em estudar, estão agora bem mais dedicados.”

Cléber Antônio Miranda e Bruno Carvalho Lacerda são tutores na Escola Municipal Ernestina Lina Mara. (Foto: Lucas Xavier/Sagres)