A convite da diretoria do Atlético, o prefeito Iris Rezende esteve no Estádio Antônio Accioly. Forma que o clube encontrou para homenagear um dos mais ilustres atleticanos e o principal nome da política goiana de todos os tempos.

Ao receber a autorização de realização dos jogos no seu novo estádio, o Atlético tomou esta iniciativa do convite e mais uma vez temos de cumprimentar a diretoria atleticana pela atitude. Iris já disse que está se despedindo da vida pública depois de mais de 70 anos de serviço à sociedade. Deixa vários legados.

Dentro do campo de jogo, no Accioly, Iris se encantou com o que viu. Iluminação de leed, arquibancadas em tobogã atrás dos gols, entradas separadas para torcedores adversários, que também tem espaço separado nas arquibancadas. Gramado perfeito e piso antiderrapante em volta do campo.

Após saber da qualidade dos vestiários e dos banheiros para os torcedores, quis conhecer e deixou o estádio encantado. Antes de sair bateu formalmente um pênalti e foi o autor do primeiro gol no novo Accioly. Há merecimento nesta homenagem. Há também manifestação de gratidão.

No início dos anos de 1960, logo após a eleição para deputado estadual, a segunda da sua vida (a primeira havia ocorrido dois anos antes para vereador em Goiânia), Iris foi peça fundamental para a vida do estádio atleticano. Sem recursos o clube queria (e precisava) construir os lances de arquibancadas na lateral, pela rua P-25.

Iris e os irmãos Orlando e Otoniel nunca esconderam que eram atleticanos. Aliás, alguns dos seus comícios na campanha para deputado foram feitos no velho estádio. Fato repetido no retorno, após o período de afastamento imposto pelo arbítrio do Golpe Militar de 1964, em 1982, quando disputou o governo de Goiás pela primeira vez, o maior comício de Campinas foi realizado no Estádio Antônio Accioly. Iris foi eleito.

Nunca se soube porque o bairro de campinas sempre foi reduto dos esquerdistas históricos. Aqueles que faziam política por idealismo, pregando igualdade de tratamento para todos, independente da classe social, escolaridade, credo, etnia e o respeito a liberdade.

E este pessoal se ligou ao Íris logo que ele surgiu na política e justamente por isto, quando se casou, comprou uma casa na Rua Rio Grande do Sul, bem nos fundos do antigo Hospital Brasil Central, em Campinas e ali começou sua vida familiar. Só se mudou quando foi brutalmente retirado da prefeitura pelos militares, justamente pelo vínculo que mantinha com os esquerdistas campineiros.

Mas voltando ao início dos anos de 1960, quando o Atlético precisou construir as arquibancadas da Rua P-25, sem ter recursos para tal, alguns conselheiros, como o próprio Antonio Accioly, Waldir Sampaio, Expedito Stival, Geraldo Bueno, Carlos Capel Galhardo, Mestre Egídio Linhares e outros que não tenho registro dos nomes (com certeza estou sendo injusto com vários) doaram recursos para a construção, mas não foram suficientes.

Então a diretoria se lembrou do fenômeno de votos na eleição para deputado estadual (foi o mais votado do pleito) e foi até seu gabinete. Cotadíssimo para disputar a prefeitura e já tido como imbatível, Iris tinha muito prestígio com o setor produtivo.

Se dispôs, junto com os irmãos a doar algum dinheiro e foi além: se incumbiu de resolver a questão do projeto e da edificação da obra, uma vez que ela estava apenas nas cabeças dos que estavam à frente do movimento.

Assim, Íris procurou o amigo João Yanno, proprietário da Construtora Encil e esta elaborou o projeto, recebeu o material dos doadores e construiu as arquibancadas e a entrada no Estádio, pela rua P-25. Foi por isto que Iris foi chamado para conhecer e marcar o primeiro no novo Accioly. E naturalmente reviveu com emoção a sua participação na história daquele estádio.

Mais do que as lembranças, Iris também voltou a participar da vida atleticana com outro ato histórico. Na condição de prefeito de Goiânia, no seu último mandato, ele assinou um convênio, entregando para o Atlético a área frontal ao CCT do Clube, no Setor Urias Magalhães, onde está um ginásio de esporte e uma praça, que foram feitos, por equívoco, na área que faz parte do terreno doado por Hildeo Amâcio, ao Atlético, para a construção da Concentração e Centro de Treinamentos.

Uma rua foi estendida até do outro lado do terreno e separou a maior parte da gleba, onde está o CT, da outra parte onde estão a praça e o ginásio de esportes. Em comodato o Atlético recebeu de Iris o direito de gerir o espaço, se obrigando a cuidar do local, refazer o espaço, com escolinhas esportivas e parte das vagas destas escolinhas terão obrigatoriamente ser ocupadas por crianças de famílias de baixa renda, na condição de bolsistas.

Iris se emocionou no Accioly, reviveu a história, marcou gol e antes de encerrar a carreira política, anunciada para primeiro de janeiro, quando acaba este último mandato, rubricou mais uma vez seu nome na história do seu clube de coração, o Atlético Clube Goianiense.

O melhor de tudo é que nada fugiu ao rigor da lei. O comodato foi assinado dentro do que prevê o Projeto Adote uma Praça e justamente por isto o terreno não foi reaglutinado ao terreno do CT, como queria o Atlético, em um documento que estava sendo planejado para ser apresentado à justiça.

Tudo legal e tudo em paz, está assinada a última ação do homem público Iris Rezende Machado em prol do Atlético Clube Goianiense, que com certeza no futuro vai dar àquele espaço o nome de Prefeito Íris Rezende.