Foto: Reprodução/ TV Brasil Central

A 4ª Vara da Justiça Federal de Goiânia condenou, na segunda-feira (23), o ex-deputado Carlos Alberto Lereia da Silva (PSDB) por receber vantagens indevidas do empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlos Cachoeira, em 2011, quando era deputado federal. A justiça julgou parcialmente procedentes os pedidos do Ministério Público Federal (MPF) para condenar Lereia por atos de improbidade administrativa.

Lereia foi condenado à suspensão dos direitos políticos por oito anos, a serem contados a partir do trânsito em julgado da sentença; à proibição de contratar com o poder público e de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 10 anos, também contados do trânsito em julgado da sentença; à perda de R$ 120 mil, quantia acrescida ilicitamente a seu patrimônio; e ao pagamento de multa civil equivalente ao mesmo valor do acréscimo ilícito, ou seja, mais R$ 120 mil.

De acordo com a sentença, todos os valores a serem pagos deverão ser corrigidos e acrescidos de juros moratórios, a contar da data do recebimento indevido, salvo com relação à multa civil, cujos juros moratórios terão início a contar do trânsito em julgado da sentença.

Em contato com a reportagem da Sagres, o ex-deputado não quis conceder entrevista sobre esta condenação e que, assim que notificada a sua defesa, iria recorrer da decisão da Justiça Federal.

Segundo as investigações do MPF, em 2011, Lereia recebeu por várias vezes e de maneira periódica, quase mensalmente, pagamentos indevidos de Cachoeira, que variaram entre R$ 20 mil e R$ 25 mil. O MP considerou os pagamentos ilícitos e que seriam para o deputado favorecer a organização criminosa comandada pelo empresário. Os pagamentos a Lereia foram realizados por pessoas de confiança de Cachoeira, que periodicamente se certificava, por meio de conversas telefônicas, se o dinheiro havia sido entregue.

A relação entre o empresário e o então deputado foi revelada pela Operação Monte Carlo, deflagrada em fevereiro de 2012. O MPF acusou Cachoeira de montar uma grande e bem estruturada rede de corrupção e lavagem de dinheiro. O objetivo seria encobrir e facilitar a exploração de jogos de azar em Goiás e no Distrito Federal. Essa rede consistia no pagamento de propinas a policiais civis, militares e federais e a parlamentares.

No mesmo ano, o empresário foi condenado a 39 anos de prisão pela Justiça Federal em Goiás. Em julho último o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) negou recurso da defesa e manteve a condenação de Carlinhos Cachoeira. A defesa dele, que responde a esse processo em liberdade, recorre da decisão.

Lereia já havia sido punido pela Câmara dos Deputados por seu relacionamento com Cachoeira. Em abril de 2014 o plenário suspendeu por 353 votos a favor e 26 conta o seu mandato por 90 dias. O processo contra o deputado foi apresentado por integrantes da Mesa Diretora, em 2012, após a revelação da proximidade entre os dois.

A punição do deputado goiano contou com apoio até de deputados de sua bancada, o PSDB, e teve como base o parecer do Conselho de Ética que sugeriu a suspensão do parlamentar. Em todas as vezes que se defendeu, Lereia reconheceu sua amizade com Cachoeira a quem chamava de “amigo pessoal”. Ele argumentou que devia R$ 120 mil ao amigo e não R$ 400 mil, como indicavam as investigações, mas negou que fazia compras com o cartão de crédito do empresário em viagens aos Estados Unidos. Admitiu também que recebeu um aparelho de telefone Nextel no final dos anos 90, quando viajou com a família para a Disney.

Reportagem atualizada as 15h06