Ao menos três personalidades históricas brasileiras foram inseridas no Livro de Herois e Heroínas da Pátria nesta semana. Entre eles, Luiz Gonzaga, o rei do Baião, o político, professor e escritor Abdias do Nascimento, um dos maiores nomes na luta antirracista, e os Lanceiros Negros, grupo de mais de 400 escravizados que lutaram pela liberdade na Revolução Farroupilha.

O Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria ou Livro de Aço, é um memorial brasileiro no qual são eternizados nomes de personagens importantes na construção do Brasil. Entre os heróis e heroínas brasileiros, estão nomes como Tiradentes, Anita Garibaldi, Chico Mendes, Zumbi dos Palmares, Machado de Assis, Chico Xavier, Santos Dumont e Zuzu Angel.

O Livro de Herois e Heroínas da Pátria, também chamado de Livro de Aço, fica permanentemente exposto no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, localizado na Praça dos Três Poderes, em Brasília. As nomeações foram aprovadas pelo Congresso Nacional e sancionadas pelo presidente Lula.

Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, na Praça dos Três Poderes, em Brasília (Foto: Gustavo Damasceno)

As inscrição de Luiz Gonzaga e dos Lanceiros Negros no livro foram publicadas no Diário Oficial da União (DOU) na última segunda-feira (8). No mesmo dia, Dorina de Gouvêa Nowill também foi inserida no memorial. Ela foi educadora que trabalhou intensamente para a criação e implantação de instituições, leis e campanhas em prol dos deficientes visuais. A nomeação de Abdias do Nascimento foi oficializada na edição de terça-feira (9) do DOU.

Os homenageados

Abdias do Nascimento é fundador do Teatro Experimental do Negro e  e idealizador do Museu da Arte Negra (MAN). Integrante do movimento negro brasileiro, teve sua trajetória marcada pela luta contra o racismo e pela promoção da cultura africana. Nascido em Franca, São Paulo, em 1914, ele se destacou como escritor, ator, artista visual, professor e político. Abdias foi incansável difusor do letramento racial. Seu nome se une ao de Zumbi dos Palmares no Livro de Aço.

Luiz Gonzaga do Nascimento, mais conhecido como Gonzagão, transformou a cultura brasileira ao consolidar o forró, o baião e o xote como ritmos típicos da música nordestina, ainda nos anos 1950. Nascido em 13 de dezembro de 1912, em Exu, no extremo sertão de Pernambuco, Gonzagão foi um contador de histórias capaz de transmitir o contexto social, político e cultural do sertão nordestino por meio das notas musicais da sanfona.

Os Lanceiros Negros foram um grupo de homens negros escravizados que lutaram em 1835, durante o conflito entre as elites gaúchas e as forças imperiais. Possuíam 8 companhias de 51 homens cada, totalizando 408 lanceiros que andavam com seus cavalos. Eles foram brutalmente mortos em um evento trágico conhecido como o Massacre dos Porongos, 1844, cerca de um ano antes do fim do conflito.  Os mais de 1 200 republicanos, foram cercados e abatidos pelos mais de 1 100 guerrilheiros apoiadores do Império. 

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Dorina de Gouvêa Nowill ficou cega aos 17 anos em virtude de uma infecção ocular, que ocasionou uma hemorragia. A cegueira, contudo, não a impediu de seguir carreira na área da educação. Participou da fundação da primeira imprensa Braille de grande porte do país, uma das principais fontes de renda da fundação que criou e produz mais de 80% dos livros do Ministério da Educação. Foi responsável pela criação do Departamento de Educação Especial para Cegos da Prefeitura de São Paulo. Graças a seu empenho, o direito à educação ao cego virou lei.

O Livro

Herói ou heroína da pátria é um título dado a personalidades que tiveram papel fundamental na defesa ou na construção do país. O nome é registrado no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria — ou Livro de Aço, pois a obra de fato é formada por páginas de aço — abrigado no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

Criado em 1992, o livro reúne protagonistas da liberdade e da democracia, que dedicaram sua vida ao país em algum momento da história. A inscrição de um novo personagem depende de lei aprovada no Congresso. Até março de 2023, 64 títulos foram inscritos no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, sendo 51 homens e 13 mulheres. São militares, escritores ou intelectuais, revolucionários, políticos, enfermeiros, inventores, músicos e um imperador.

Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).