Os servidores ambientais do país estão fazendo uma paralisação parcial desde o dia 1º de janeiro, mantendo apenas atividades internas em diversos órgãos como Ibama, ICMBio e o Serviço Florestal Brasileiro (SFB). Os profissionais atuam na linha de frente contra o crime ambiental, alegam dez anos de abandono do setor e, portanto, pedem a reestruturação da carreira.

Os profissionais começaram o movimento em outubro do ano passado quando enviaram uma proposta de reestruturação da carreira para o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI). Os servidores ambientais pedem a equiparação salarial com os valores adotados para os técnicos da Agência Nacional de Águas (ANA).

Além disso, eles também querem a criação de gratificações para aqueles que atuam em áreas remotas ou em locais/atividades que possuem risco. Em resposta aos pedidos, o MGI informou aos servidores que as negociações serão retomadas em 1º de fevereiro. 

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Mobilização

Em resposta ao MGI, os servidores ambientais irão manter a paralisação parcial até que haja uma decisão sobre a reestruturação da carreira. A expectativa, então, é que a paralisação ganhe mais adeptos e a pressão sobre o governo cresça. A ideia de paralisar as atividades externas já pressiona o Planalto porque atinge diretamente as operações contra o crime ambiental do Ibama. E a área ambiental é uma das políticas mais fortes do atual governo.

O Brasil conta com mais de 8 mil servidores, juntando todos os órgãos da administração pública. Agora, eles estão mobilizados em conseguir juntos a reestruturação da carreira. 

Por isso, a Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente (Ascema Nacional) convocou uma manifestação para às 15 horas, desta quinta-feira (11), em frente ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, em Brasília (DF). A Ascema Nacional pediu que os servidores usassem vestuário verde na manifestação.

Paralisação pode crescer regionalmente

A paralisação começou com os servidores do Ibama e logo ganhou adesão dos profissionais do ICMBio. Eles se reuniram no Conselho de Entidades da Ascema Nacional no dia 4 de janeiro e decidiram intensificar as atividades, paralisando o trabalho externo.

Em nota à imprensa, a Ascema Nacional disse que as negociações estavam “estagnadas há cerca de três meses” e que, naquele momento, não havia nenhuma resposta do MGI sobre a proposta enviada em outubro.

“É consenso a urgente necessidade de reestruturação e valorização da Carreira de Especialista em Meio Ambiente. Os desafios da atuação dos servidores vêm se tornando cada vez mais complexos e caminham para a centralidade da categoria na preservação da vida e no enfrentamento da crise climática”, enfatiza a nota.

O movimento começou na esfera federal, mas a organização afirma que ele pode crescer nos estados nos próximos dias. “A partir da próxima semana, assembleias nos diferentes estados do país serão realizadas com o objetivo de decidirem, no âmbito local, as atividades que se somarão ao movimento de paralisação”.

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