O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, elogiou a decisão do governador Ronaldo Caiado (DEM) de adiar o novo decreto que retomaria o fechamento do comércio e das atividades não essenciais no estado.

Uma decisão finalmente sensata. Nós discutimos muito. Eu, particularmente, tinha um atrito muito grande com ele, desde o primeiro decreto, a forma de se posicionar, e agora nesse último do mesmo jeito. Não existia diálogo, só monólogo. Ele até deixava falar tudo o que a gente quisesse, só que aí ele falava ‘olha, quero avisar vocês que essas coisas que vocês falaram podem ser boas, mas estou querendo dizer que amanhã vou publicar o decreto, vou fechar tudo outra vez e ponto’. Isso daí não funciona assim”, disse, em entrevista ao jornalista Rafael Bessa, da Sagres 730, na noite desta quinta-feira (14).

Segundo Sandro Mabel, as pessoas precisam aprender a conviver com o vírus, e que a Covid-19 vai atingir 70% ou mais da população no estado, e cogita o surgimento de uma segunda fase da doença em 2021.

O coronavírus veio para ficar. Não tem esse negócio de que nós vamos ficar livres do corona, não. O coronavírus vai pegar 70% das pessoas. De 60% a 80%, uma média de 70%, todas as pessoas vão pegar”, afirma. “Vai pegar todo mundo até dezembro, janeiro do ano que vem. E aí, no ano seguinte, se não aparecer a vacina, vai aparecer o corona 2. Nós temos que aprender a conviver com esse vírus e se combater essa transmissão dele ao máximo”, analisa.

Mabel, que sempre foi contra as medidas levam ao fechamento total das atividades econômicas, recomenda que o governador mantenha o distanciamento apenas de pessoas que integram o grupo de risco da Covid-19, mas ao mesmo tempo pede que elas possam continuar trabalhando.

Cuide melhor das pessoas do grupo de risco. As pessoas mais velhas, doentes, diábeticas, com pressão [alta]. Essas pessoas precisam ser cuidadas, não devem ser demitidas. Elas devem ter o dinheirinho delas para poder ficar em casa. Esse pessoal precisa ficar em casa”, conclui.

O presidente destacou a ação Fieg Mais Solidária, que consiste na doação de alimentos e de produtos de limpeza e higiene pessoal a pessoas carentes e instituições filantrópicas no estado.

Estamos entregando mais de 100 toneladas de alimentos, máscaras, produtos de limpeza. Para quem estamos entregando isso? Para esse pessoal que é do grupo de risco, porque esses morrem e enchem os hospitais, a UTIs, porque quando pegam, ficam doentes, então temos que evitar ao máximo que essas pessoas se contaminem”, aponta.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO), Goiás possui 67 mortes e 1.460 casos confirmados de Covid-19. 

Economia 

Nesta semana, a Fieg destacou relatório divulgado pelo Centro Internacional de Negócios (CIN), que mostra que a balança comercial goiana encolheu 12,3% em abril, na comparação com março. A queda, de R$ 58,1 milhões, só não foi mais expressiva devido à baixa nas importações, principalmente dos Estados Unidos.

As exportações de Goiás somaram R$ 611,8 milhões em abril, contra R$ 748,1 milhões em março. A diminuição, de 18,2%, deveu-se, principalmente, à redução das vendas de minérios, ferro-níquel (-57,9%) e ferro-nióbio (-33,2%). Já na comparação com abril/2019, houve um incremento de 6,5%, sobretudo devido à alta das exportações para Espanha (110,1%), China (33,4%) e Tailândia (78,5%). A soja in natura mantém a liderança do comércio internacional goiano, seguida por carnes desossadas de bovino e bagaços e outros resíduos sólidos da extração do óleo de soja.

As importações goianas também recuaram em abril na comparação com março, com queda de 28%. Enquanto em março, Goiás importou R$ 278,3 milhões, em abril o total fechou em R$ 200,2 milhões. A baixa deveu-se, principalmente, à redução das importações dos Estados Unidos, já como impacto do fechamento de diversas atividades devido à pandemia do coronavírus. No acumulado do ano, o saldo também é negativo, com recuo de 25,5% nas importações.

Ainda segundo a Fieg, com o resultado, a balança comercial goiana registrou queda de 12,3% na comparação com março. Em relação a abril/2019, houve incremento de 34,5%, o que ajudou a recuperar a perda sofrida no comparativo com abril/2018, quando o recuo foi de 34%.