Depois de cinco anos do assassinato da vereadora da Câmara do Rio de Janeiro, Marielle Franco, a trajetória de vida da ativista é narrada na áudio série “Marielle: Uma Biografia”. A parlamentar, que era socióloga e tinha mestrado em Administração Pública, foi eleita vereadora da Câmara do Rio de Janeiro pelo PSOL, com 46.502 votos.

A obra reúne histórias da vereadora que se tornou um símbolo de resistência, luta por justiça social e pelos direitos humanos no país. Marielle foi a quinta vereadora mais votada do Rio de Janeiro em 2016 e teve o mandato abreviado por uma execução cruel, em 14 de março de 2018.

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A atriz e apresentadora Dira Paes pontua que uma das maiores lições que Marielle deixou para ela foi aprender a colocar as ideias em prática, “aprender fazendo”.

“Tenho a impressão de que muita gente tem vontade de fazer muita coisa. Porém o agir fica em segundo plano e isso interfere diretamente em resultados de justiça social. É essencial ter ideias, se organizar e tem um planejamento, mas é fundamental colocá-las em prática!”, diz.

De acordo com Dira, hoje é visível a necessidade de todos sejam ativistas, porque é necessário em meio a tantas desigualdades ter essa atitude ativa de agir.

“Marielle fez isso o tempo todo, nada ficava no campo das ideias, nada pertencia ao campo da vaidade. A dinâmica da vida dela era de uma super-heroína! Parecia que tinha conseguido a façanha de fazer o dia ter mais de 24 horas, para conseguir lidar com tudo, família, amigas e lutar por igualdade. Nada me tira a ideia que Marielle foi uma super-heroína contemporânea”, ressalta.

O legado

Marielle Franco se tornou um símbolo da luta pelos direitos humanos e inspiração para diversas mulheres que sonham por uma realidade igualitária. A Cantora, compositora, escritora e atriz, Verônica Bonfim, lembra que no dia do assassinato a vereadora estava na Casa das Pretas, conversando com as novas lideranças. O local reúne mulheres feministas que trabalham para estimular ações políticas e proporcionar mudanças sociais para as mulheres negras.

“Esse legado não pode morrer, não pode se esvair, todas as pautas que ela defendia são nossas também. Marielle deixa um recado para os jovens e para todas nós afirmando sempre que podemos ser e estar onde a gente quiser. Ela vive em cada um de nós em cada semente que ela deixou” afirma emocionada Verônica.

A atriz, cantora e compositora Zélia Duncan ressalta que a história é fascinante e que ficou impressionada com a força e a união das mulheres da família de da ativista. “Eu aprendi a ouvir a história dessas mulheres pretas incríveis, elas falam sobre ancestralidade e como isso é uma questão para ontem, hoje e sempre. Depois de conhecer a história de Marielle eu não sou mais a mesma.”

A vereadora entendia, por completo, o sentido de aquilombamento, o ato de assumir uma posição de resistência contra-hegemônica a partir de um corpo político. E Marielle propagava a importância da coletividade.

“Por ter nascido em periferia e ser de favela, os requisitos resquícios dos quilombos, ela conseguia pensar sempre no coletivo. Marielle veio de um lugar onde a gente só consegue sobreviver a partir de uma coletividade e de uma rede de apoio”, disse Verônica Bonfim.

Representatividade

A áudio série mostra também a importância de representatividade e de incluir literatura de autores negros na vida dos jovens.

“A Marielle teve uma tia que apresentou para ela a biografia de várias mulheres pretas e incentivava e cobrava essa leitura. Isso teve uma enorme importância para a construção da visão dela sobre o mundo e sociedade”, frisa ressalta a escritora da série e jornalista Audrey Furlaneto.

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