Sagres em OFF
Rubens Salomão

MDB desembarca da prefeitura de Goiânia, mas mantém liberdade para vereadores

Depois de clima tenso e manifestações acaloradas na reunião com vereadores no início da noite deste domingo (04), as direções estadual e metropolitana do MDB decidiram confirmar o pedido coletivo de exoneração de todos os cargos ocupados, na prefeitura de Goiânia, por filiados ao partido ou que tiveram indicação relacionada à vitória de Maguito Vilela na eleição de 2020.

A confirmação da saída ocorreu já no fim da noite, em reunião de líderes do partido com parte do secretariado, que entrega hoje os cargos por meio de carta conjunta ao prefeito.

Os parlamentares tentaram, sem sucesso, convencer o presidente regional, ex-deputado federal Daniel Vilela, de que as trocas são naturais e representam um direito do prefeito, eleito vice, Rogério Cruz (Republicanos), que assumiu a gestão de forma definitiva depois do falecimento de Maguito, em 13 de janeiro.

No entendimento dos emedebistas, por outro lado, o desembarque é inevitável, diante do abandono ao plano de governo de Maguito, com suspensão de contratos da gestão de Iris Rezende, falta de diálogo para as mudanças no secretariado e nomeação de empresários que não têm relação com a cidade para cargos chave da administração, como a Secretaria de Governo e a presidência e diretoria da Comurg.

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O movimento, no entanto, não afeta a formação atual da base de Rogério Cruz na Câmara Municipal, já que o MDB não pretende cobrar alinhamento partidário dos seis vereadores eleitos pelo partido. Os parlamentares têm sido atendidos com cargos de primeiro e segundo escalão na equipe do Paço.

Foto: Então candidato a vice, Rogério Cruz durante ato de campanha em 2020. (Crédito: Divulgação)

Mãos atadas

Apesar das críticas intensas a “opção fisiológica” dos vereadores, avaliação no MDB é de que o estatuto não deixa clara a possibilidade de cobrança de alinhamento. Além disso, os nomes de pelo menos cinco parlamentares podem ser úteis ao partido em 2022 com candidaturas a deputado estadual. Também por isso, a expulsão deles ainda não entra no radar. “A hora que esse barco do Rogério começar a afundar, eles pulam fora”, avalia um emedebista.

Caminho

A oficialização do desembarque ocorre às 9h30, em entrevista coletiva no hotel Alpha Park, em Goiânia. O mesmo em que Iris Rezende anunciou a aposentadoria e onde Maguito lançou a candidatura a prefeito.

Quem sai?

Pelos menos 14 cargos serão entregues hoje pelo MDB. São eles: Alessandro Melo (Finanças); Agenor Mariano (Habitação e Planejamento); Carlos Júnior (Desenvolvimento); Pedro Chaves (Trânsito); Murilo Ulhôa (CMTC); Célio Campos (Desenvolvimento Tecnológico); Colemar Moura (Controladoria); Filemon Pereira (Direitos Humanos); Antônio Flávio (Procuradoria); Leandro Vilela (Extraordinário); Kleber Adorno (Cultura); Euler Morais (Relações Institucionais); José Frederico (Escritório de Prioridades Estratégicas) e Gean Carlo Carvalho (Secretário Executivo).

Enquanto isso…

O prefeito e aliados seguem monitorando a repercussão da crise com o MDB e tentam manter publicações positivas à gestão nas redes sociais. A equipe do de Rogério Cruz tem reforçado pedido aos servidores da prefeitura, principalmente comissionados, para que postem em seus perfis pessoais nas redes uma imagem com foto do prefeito e a frase: “Essa pessoa apoia a gestão do Prefeito Rogério Cruz”.

Memória

Desde que saiu da Secretaria de Infraestrutura, o ex-deputado Luiz Bittencourt não se manifestou diretamente sobre a suspensão do contratos do asfalto em Goiânia. Antes de deixar o cargo, afirmava à coluna que os trabalhos já são fiscalizados por órgãos federais e municipais e que “a Seinfra atua de forma transparente, dentro da legalidade, respeita o trabalho e as prerrogativas dos vereadores, já apresentou todas informações sobre este assunto que foram solicitadas pela Câmara Municipal”.

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