Segunda maior cidade da Itália e principal centro comercial do país, Milão não está alheia às mudanças climáticas como outras metrópoles globais. Nos últimos anos, os milaneses têm sofrido com eventos climáticos e meteorológicos extremos cada vez mais frequentes, sobretudo ondas de calor e fortes chuvas.

Além disso, seguindo uma tendência de tempos menos rígidos no inverno e mais quentes no verão, também houve aumento da média anual de aproximadamente 2°C. Dessa forma, as temperaturas duplicaram nos últimos 30 anos (1991-2017) em comparação com as três décadas anteriores ao período (1961-1990).

Já em relação às emissões de CO2, as ações previstas por Milão não são suficientes para cumprir os objetivos de descarbonização a longo prazo estabelecidos. Para reduzir as emissões em 45% até 2030 e 100% até 2050, a administração precisa, portanto, introduzir medidas adicionais e mais rigorosas.

A análise compõe o plano de governo territorial (PGT) – ferramenta de planejamento urbano da região da Lombardia, tal qual um plano diretor, aplicado em Goiânia – de Milão para 2030. Na última semana, o prefeito Giuseppe Sala anunciou um importante passo nesse sentido: proibir veículos particulares no centro a partir do primeiro semestre de 2024.

Carros proibidos no Quadrilátero da Moda

O projeto limita a circulação de carros no “Quadrilátero da Moda”, zona onde estão concentradas as lojas de grife e hotéis de luxo. Delimitada pelas famosas ruas Via della Spiga, Via Montenapoleone, Via Manzoni e Corso Venezia, a intenção é que a área também seja expandida para as ruas Corso Matteotti, Via Case Rotte e Via Manzoni.

“Discuti muito isso, principalmente com as lojas, que são as mais interessadas, e devo dizer que encontrei muito consenso”, destacou Sala. Além de reduzir a poluição do ar, o prefeito milanês também quer valorizar a região, ou seja, dar mais espaço aos pedestres. Veículos do transporte público, assim como táxis, seguirão permitidos.

Dessa maneira, outro objetivo é seguir a tendência de diminuir o tráfego na cidade. Em 2022, existiam 490 carros a cada 1 mil habitantes milaneses, uma queda de 6,5% em relação a 2012. Ao todo, foram registrados 684,6 mil carros em Milão no ano passado, 5,2% a menos do que dados coletados 10 anos antes.

Sobre como o monitoramento do trânsito, o político explicou que, “haverá câmeras que registrarão o trânsito. Os carros particulares não poderão entrar a não ser que pertençam a alguém que more na região ou estacione em alguma garagem”. Assim, “haverá outras câmeras que farão a releitura das placas, de forma a cancelar uma possível multa”.

Sala avisou ainda que “começaremos com o centro, mas depois expandiremos”. O prefeito milanês, no entanto, ressaltou que “agiremos com bom senso, mas, irremediavelmente, vamos implementar algo nesse sentido. A mudança não é uma utopia, mudar o modelo de desenvolvimento não é uma utopia. Milão deve ser pioneira e ter coragem para agir”.

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*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU): ODS 11 – Cidades e comunidades sustentáveis; ODS 12 – Consumo e produção responsáveis; ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima.