“Encerramos o dia com uma boa notícia. Acabo de sair de uma reunião com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello e outros governadores. São 4,8 milhões de novas doses da vacina chegando no dia 23.02 e Goiás receberá cerca de 160 mil delas”. O anúncio do governador Ronaldo Caiado em seus perfis nas redes sociais, dia 17, não se confirmou. As 160 mil doses não chegaram nesta terça-feira (23) e não há posição oficial do Ministério da Saúde sobre novos prazos, conforme apurou a Sagres 730.

Circula entre os governadores a informação de que novos carregamentos da vacina Coronavac devem ser enviados nesta quarta-feira (24), mas em quantidade inferior à prometida na semana passada. Goiás deve receber apenas 53 mil doses. O Ministério da Saúde prevê ainda a chegada hoje da Índia de 2 milhões de doses da vacina AstraZeneca, que seriam distribuídas até sexta-feira.

Em função desse atraso, o governo de Goiás anunciou nesta terça-feira a disposição de adquirir vacinas diretamente dos laboratórios. Na semana passada, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), coordenador do grupo de Vacinas do Fórum Nacional de Governadores, revelou que 16 Estados, Goiás entre eles, estavam trabalhando em conjunto para fazer essa compra.

Isso se tornou possível porque a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu ontem que Estados e municípios podem comprar e fornecer à população vacinas contra a covid-19. A decisão foi proferida em uma ação protocolada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A medida foi autorizada apenas em caso de descumprimento do Plano Nacional de Vacinação pelo governo federal ou de insuficiência de doses previstas para imunizar a população. A liberação também vale para os casos em que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não conceda autorização em 72 horas para uso de imunizantes aprovados por agências reguladoras de outros países.

O governador Ronaldo Caiado estuda meios legais para fazer a aquisição. O Estado programa comprar 1 milhão de doses e, para isso, precisará enviar projeto de lei à Assembleia Legislativa solicitando crédito especial para a operação, já que esta despesa não está prevista do Orçamento Anual do Estado (LOA). Caiado deve decidir hoje os procedimentos e quantidade de doses que pretende adquirir. Na semana passada, o secretário de Saúde de Goiânia, Durval Pedroso, informou à Sagres que o município tinha vacina para manter a campanha até o início desta semana.

Hoje (24), em suas redes sociais, Caiado informou que já está em negociação com laboratórios para aquisição de vacinas. “Agora, estamos autorizados a comprar vacinas. Nós do Fórum dos Governadores já estamos avançados na busca por vacinas. Vamos vencer esse vírus, minha gente, mas enquanto isso preciso da colaboração de todos: use máscara, álcool em gel e mantenha o distanciamento social, escreveu.

Cobrança na Assembleia

A baixa quantidade de vacinas disponíveis para Goiás também foi um dos assuntos discutidos na sessão de terça-feira na Assembleia Legislativa. Os deputados Antônio Gomide e Adriana Accorsi (PT), Lêda Borges e Talles Barreto (PSDB) cobraram vacinas do governo federal e ação do governo goiano para sua compra. “Não temos vacinas hoje, não por ainda não existir vacina no mundo e sim porque nossas autoridades não quiseram sentar e priorizar a compra”, disse Gomide. Na interpretação do parlamentar, caberia ao governador, que é médico, enfrentar a posição anticientífica que, segundo Gomide, vem sendo adotada pelo Ministério da Saúde.

A deputada Delegada Adriana Accorsi (PT) alertou para a possibilidade de falta de vagas de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Goiás. “Nós, deputados, temos grande responsabilidade e precisamos estar atentos para a urgente necessidade de criação de mais vagas”. O líder do Governo na Casa, deputado Bruno Peixoto (MDB), rebateu as críticas dos parlamentares à atuação de Caiado no combate à pandemia e apontou que o momento é de união.