Muitas mulheres precisam assumir sozinhas a responsabilidade dos custos de casa e algumas até preferem assim, como é o caso da Noelma, que é corretora de Moda e confeiteira. “Desde a adolescência, porque a nossa vida era um pouco difícil, então eu e minhas irmãs mais velhas já tivemos que trabalhar. Eu trabalhei desde os 13 anos para sustentar os irmãos mais novos. Somos 8 filhos”, contou Noelma Fayad.

Confira a reportagem na íntegra:

Por estar entre os filhos mais velhos, a corretora de Moda destacou que desde jovem já se sentiu responsável em ajudar a cuidar dos irmãos. “Eu sou a segunda mais velha, então já tive uma responsabilidade muito grande desde pequena”, reforçou.

Mais da metade das residências goianas são chefiadas por mulheres, de acordo com uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento apontou que pela primeira vez o patamar de mulheres que são líderes de família chegou a 53,3%.

Para a advogada e socióloga Gabrielle Andrade, vários fatores podem justificar esse número. “Dois especialmente devem ser destacados: o primeiro é que também houve aumento no número de crianças que são registradas sem o nome do pai. Isso significa que muitas mulheres estão assumindo a criação dos filhos sozinhas, sem a figura do pai”, explicou.

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O segundo fator, ressaltado pela advogada, é sobre as conquistas das mulheres no mercado de trabalho. “Isso significa que houve um aumento de postos de trabalho ocupados por mulheres”, afirmou Gabrielle Andrade.

Apesar de ser a provedora da casa, Noelma não é mãe solo. Casada há 23 anos, a corretora de Moda disse que ela e o marido formam um “casal diferente”. “Ele ficava em casa, cuidando da casa, dos filhos que nós temos, e eu ia trabalhar. Só quando eu fiquei grávida da segunda filha, que tive que ficar de repouso, que ele foi trabalhar. Mas logo voltei e ele ficou em casa. Eu sempre fui assim, de cuidar da casa. Nunca me importei com isso”, relatou.

No ano passado, 1,2 milhão domicílios tinham a mulher como responsável, o que representa 47,1% do total de casas em Goiás. Conforme o IBGE, as mulheres ganham 30% menos que os homens no mercado de trabalho. Isso reforça a necessidade de medidas que busquem a igualdade salarial, tendo em vista que as mulheres também são provedoras dos lares.

“Hoje, a mulher tem que ser bela, excelente profissional, excelente dona de casa e uma excelente mãe. Nós estamos falando de uma jornada quádrupla ou, em alguns casos, até mais”, continua Gabrielle. “Isso se deve ao fato de que quando conquistados os locais no mercado de trabalho, a mulher não deixou de ter como obrigação os afazeres domésticos e a maternidade”.

Na visão de Noelma, ter essa jornada é cansativa, sim, mas não consegue se ver de outra forma. “Ficar quieta em casa, tricotando ou vendo televisão não é para mim”, finalizou.

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