O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) prevê a permanência do calor extremo que atingiu o final do inverno no início da primavera. As temperaturas não serão tão intensas quanto na última semana, mas a massa de ar quente que impede a chegada de frentes frias continua sobre algumas regiões do país. Goiás e mais 11 estados sofreram diretamente os efeitos da onda de calor que atingiu temperaturas acima dos 40ºC.

Mancha vermelha no mapa é o ar quente que está sobre o país (Imagem: Cimehgo)

“Permanece essa situação de massa de ar quente seco predominando sobre boa parte do Brasil. Ela deu uma leve recuada, mas ainda está presente, ela não finalizou. Então, a gente tem uma redução nas temperaturas máximas aqui em Goiás por conta do avanço de algumas frentes frias que vão minando e fragilizando a intensidade dela. Mas essa mancha vermelha que você está vendo no mapa é ainda esse ar quente que está aprisionado aí trazendo altas temperaturas”, explicou André Amorim, gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo).

Nos últimos dias choveu em algumas regiões de Goiânia, no entanto, após as chuvas o calor retornou a todo o vapor. Amorim explicou que as chuvas trazem um pequeno refresco no dia, mas em seguida o calor volta a todo o vapor. 

“As temperaturas ainda continuam elevadas. Nós tivemos um pico maior e agora esses últimos dias com essas chuvas, mesmo que irregulares, as temperaturas deram uma leve recuada. Mas mesmo assim as temperaturas ainda vão ficar altas”, contou.

Influência do El Niño

A agência de clima dos Estados Unidos anunciou o retorno do fenômeno El Niño no Pacífico no mês de junho, com a temperatura da superfície do mar no pacífico equatorial em 0,8°C. Desde então, já era de conhecimento dos especialistas que o fenômeno iria mudar o padrão do clima e que sua presença traria benefícios e problemas para o Brasil. Por isso, a principal preocupação com o fenômeno do El Niño concentra-se nesses extremos. “Estamos sob a influência dele”, afirmou Amorim.

“Nós estamos monitorando a temperatura do El Niño. Então, ele deu uma leve caída na sua temperatura no oceano Índico, mas ainda assim persiste um cenário de um El Niño entre moderado a forte, mas estamos observando”, informou o gerente do Cimehgo.

O estado de Goiás não tem um padrão quando está sob efeito do El Niño ou do La Niña como outros locais do país.  A Região Sul, por exemplo, apresenta alteração no volume de chuvas, enquanto na Região Norte o problema é a escassez das precipitações. Entretanto, André Amorim apontou que, até o final do ano, a influência do El Niño estará presente, mesmo  sendo coadjuvante em muitas situações que afetam não só a América do Sul, mas o clima no globo inteiro.

Período chuvoso de 2023

Apesar das chuvas em Goiânia nos últimos dias, André Amorim afirmou que o período chuvoso de 2023 ainda começou. Segundo ele, são precipitações irregulares que devem ocorrer nos primeiros 15 dias do mês de outubro, porém, ainda dentro do cenário de temperaturas elevadas.

De acordo com o gerente do Cimehgo, a expectativa para o início do período chuvoso deste ano é entre a segunda quinzena de outubro e o começo de novembro. Amorim explicou o que o Cimehgo observa para indicar que esse período chegou.

“Precisamos ter sequências de dias com chuva, então não adianta ficar num chove e para todo dia, chove e para por cinco dias, porque não começou a chover. Tem que ter sequência de dias”, apontou.

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