A taxa de ocupação de leitos de UTI para Covid-19 nesta manhã de segunda-feira (1º/3) passava dos 97%. O índice tem ficado alto desde a última semana e levantado a preocupação sobre um possível colapso no sistema de saúde. Em entrevista à Rádio Sagres 730, o secretário de Saúde de Goiás, Ismael Alexandrino, enfatizou que há filas de pedidos de vagas em UTIs para pacientes com Covid-19 e a espera pelo leito ultrapassa 24 horas.

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O secretário ressaltou que houve expansão da rede hospitalar. “Há 15 dias, estávamos aumentando o número de leitos, mas à medida que aumentávamos, as vagas eram preenchidas. Hoje, existe fila para uma vaga de UTI. A enfermaria está, de certa forma, mais tranquila. E isso inclui a rede privada também. Hospitais como Albert Einstein e Sírio Libanês estão com mais de 100% de ocupação e também têm filas. É realmente algo que a gente precisa encarar com muita parcimônia”, ressaltou Ismael.

Ouça a entrevista na íntegra:

Neste momento, há 407 leitos de UTI destinados a pacientes com a Covid-19 em Goiás. Na área de enfermaria são 439. “Hoje temos UTIs em 20 municípios de Goiás. Só pra se ter uma ideia, tínhamos 259 UTIs (gerais) no início da gestão e estamos hoje na casa de 670 leitos. E isso vai aumentar”, citou Ismael. Ontem, o governador de Goiás visitou o Hospital de enfrentamento à Covid-19 do Centro-Norte Goiano (HCN), em Uruaçu. A unidade está sendo preparada para iniciar as atividades em março e deve fornecer 68 novos leitos de UTI para pacientes com Coronavírus.

Existem filas de pacientes contaminados com o Coronavírus esperando por uma vaga em UTI. O tempo de espera passou de 12 horas para 24 horas no início de fevereiro e agora esse prazo ultrapassa um dia. Ismael garantiu que nenhuma pessoa que aguarda uma vaga está desassistida. “Às vezes, ele não está com a equipe montada, nem em unidade dedicada, mas esta em uma sala vermelha, intubado. Esse final de semana mesmo mandei ventiladores mecânicos para algumas cidades. Para ficarem nas UPAs”, reforçou o secretário. Foram enviados cinco aparelhos para Catalão e três para Ceres, que está com UPAs lotadas.

NÍVEL DE GRAVIDADE

Hoje o estado está com média móvel em torno de 2.229 casos, similar a média que havia no início do mês de outubro. O pico de novos casos está abaixo do pico da primeira onda, quando a média móvel era de 2.960 novos casos. Naquele momento não havia a preocupação mais acentuada sobre leitos de UTI. O secretário explica que a diferença entre os dois períodos está no nível de gravidade.

“O que percebe é que o nível de gravidade tem aumentado muito rápido. Além disso, os pacientes estão demorando mais para ter alta. Então é a soma dos fatores. Outro ponto é a idade desses pacientes. Não são só idosos. Pessoas jovens na casa dos 40 anos estão se agravando e quando chegam a ter sintomas, o pulmão já está 50% comprometido.  Então, ele evolui para nível grave de forma rápida e tem ficado mais tempo intubado”, explicou.

O secretário também destacou a violência de contaminação das novas Cepas. Já foram identificadas três em Goiás. “Quando se faz a contagem de uma carga viral em um paciente com a nova Cepa, a gente percebe um nível muito mais alto. De fato, a segunda onda, está mais agressiva”.

HABILITAÇÃO DE LEITOS

A ministra do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, concedeu neste sábado liminares em ações ajuizadas pela Procuradoria Geral do Estado de São Paulo e pelo Governo do Maranhão contra o governo federal para a retomada do custeio de leitos de UTI destinados a pacientes com covid-19 nos Estados.

É uma habilitação que o governo federal destinada aos estados para manutenção dos leitos de UTI dedicados exclusivamente aos pacientes com Covid-19. Segundo Ismael, a verba deixou de ser paga em dezembro de 2020. “De lá pra cá, nós não tivemos nenhum tipo de repasse do governo federal”.

Mas após uma reunião no Ministério da Saúde, na última semana, ficou acordado que essa habilitação voltará a ser concedida, inclusive com os valores retroativos a janeiro e fevereiro. “Essa resolução foi aprovada e deve ser publicada nesta semana. A proposta é que se mantenha o mesmo valor repassado no ano passado e que não tenha a necessidade de renovação a cada mês. Então, o nosso texto foi aprovado. A união vai financiar esses leitos, pelo menos parcialmente, enquanto durar a pandemia”, anunciou.

O valor repassado a mais por mês é de R$ 24 milhões.