Neste domingo (26), em Anápolis, uma equipe de paraquedistas realizará um salto coletivo com um objetivo especial. O projeto Salto Azul busca conscientizar a sociedade à respeito do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Em 2 de abril, será celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo.

Esta é a segunda edição do projeto dos paraquedistas, fruto da parceria entre a terapeuta ocupacional e paraquedista Rejane Damaceno e a advogada Mariana Fernandes, mestre em Direitos Humanos pela Universidade Federal de Goiás (UFG).

Rejane ressaltou que, “apesar de toda a informação circundante nas redes, a sociedade brasileira ainda sabe pouco sobre a condição do autista”.

“Temos uma excelente oportunidade para promover a aceitação e a inclusão”, complementou Mariana, que levou o projeto para a área de extensão da UFG em 2022.

Programação

O evento acontece a partir das 9h, no Skydive Cerrado, ao lado do aeroporto de Anápolis.

Além do salto de paraquedas, a programação, que se estende até às 12h, prevê palestra sobre maternidade atípica, distribuição de cartilhas informativas, show com a banda Os Imorais, apresentação musical com três jovens autistas, e sorteio de brindes.

Maternidade

Além de sensibilizar para a importância de políticas públicas que atendam as demandas das pessoas com TEA, o projeto Salto Azul também traz à tona outro assunto correlato igualmente importante: a maternidade atípica.

A dona de casa Bruna Mora, de 34 anos, é uma das corajosas que fazem parte do time de paraquedistas, e vai saltar durante o evento. Ela é mãe do pequeno Asafe Mora, 8, diagnosticado com autismo há sete anos.

Bruna aceitou o desafio pela segunda vez e afirmou que “o salto é bem parecido com o que uma mãe enfrenta quando recebe o diagnóstico de autismo do seu filho”.

Ela lembrou que no evento o salto é por lazer, mas o comparativo com a vida de uma família que tem um autista é inevitável.

“Quando você salta, não tem outro jeito, você precisa encarar aquela experiência de frente: é saltar ou saltar. E quando recebemos o diagnóstico é mais ou menos isso. Primeiro, damos aquela travada, olhamos para baixo e parece que não vemos o chão. Saltar parece uma loucura, por mais bem orientada que a experiência seja”, completou.

Saltar com o filho

Antes de mais nada, saltar com o seu filho é uma experiência e tanto, já que sempre vem aquele baque.

“A pessoa vai sentindo o frio, a queda, depois vemos que estamos planando porque o paraquedas abriu. Assim, você começa e enxergar o chão e aquela altura horrorosa que estava lá em cima começa a ficar um pouco mais fácil de enfrentar. Dessa forma, começamos a aproveitar o que aquele passeio proporciona”, contou.

Atualmente, Bruna se sente mais segura e confiante ao ter outros paraquedistas com ela, já que uma equipe de profissionais qualificados estarão com ela.

“Assim como o salto de paraquedas, ser mãe de um autista requer o amparo e apoio de pessoas habilitadas. Só conseguimos guiar nossos filhos porque somos amparados por profissionais. A Rejane está comigo desde o início do diagnóstico. Sem a ajuda dela e de toda a equipe, não conseguiria aproveitar e ter um ‘bom salto’. Eu encontro força e coragem nessa rede de profissionais”, finalizou.

Números atualizados em 2023

O Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC), dos Estados Unidos, divulgou relatório nesta quinta-feira (23). Conforme a publicação, uma a cada 36 crianças americanas de 8 anos são diagnosticadas com TEA.

No Brasil, ainda não há números oficiais de prevalência do TEA. Porém, quando se usa a porcentagem contida no último relatório do CDC (2,8%), tem-se uma previsão de 5,9 milhões de autistas no país.

O TEA é uma condição de saúde caracterizada por déficit na comunicação social – socialização e comunicação verbal e não verbal – e comportamento – interesse restrito e movimentos repetitivos.

Leia mais