Contribuir para que o direito à acessibilidade, definido na Lei Brasileira de Inclusão, de 2015, torne-se compromisso assumido e defendido por organizações do terceiro setor e instituições culturais de todo o país. Esse é um dos objetivos da plataforma Somos Plurais, lançada pelo Instituto Alana e o Itaú Cultural (IC). A página é um convite a práticas cotidianas de inclusão em instituições culturais e organizações do terceiro setor, publicação escrita ao longo de 2020 a partir de conversas com cerca de 40 pessoas, com e sem deficiência, de diversas áreas de atuação. Assista ao lançamento nesta matéria ou clicando aqui

“Só quem vive a situação de deficiência tem também muitas respostas para as barreiras que são enfrentadas na sociedade e nas instituições”, afirma a diretoria do Instituto Alana, Raquel Franzim.

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Com base em diferentes trajetórias, experiências e vivências, a plataforma Somos Plurais compartilhar desafios comuns e apresentar cenários possíveis para que a acessibilidade seja garantida em toda e qualquer iniciativa, independentemente da estrutura de que cada organização dispõe. Raquel Franzim enumera algumas das barreiras enfrentadas diariamente por pessoas com deficiência (PCD) no dia a dia.

“São desde barreiras atitudinais, ou seja, o preconceito contra pessoas com deficiência, a discriminação. Um exemplo é que pessoas com deficiência ainda sofrem baixas expectativas sobre suas vidas. Há pessoas que acreditam que as pessoas com deficiência atrapalham, que acreditam que elas não vão compreender ou conseguir participar. Isso é uma atitude discriminatória preconceituosa”, constata.

Raquel Franzim, à direita, no STM #392 com Jéssica Dias (Foto: Sagres TV)

O Somos Plurais acredita que esta é a hora de realizar essas mudanças assumindo novas perspectivas: sem preconceito, estereótipo, estigma ou discriminação. De acordo com a proposta, apenas eliminar barreiras arquitetônicas não é suficiente; a isso se deve somar uma transformação muito mais ampla, que abarca desde mudanças atitudinais até adaptações e ajustes no fazer cotidiano, na capacitação das equipes e na formação de parcerias.

Raquel Franzim afirma que nem as redes sociais e meios de comunicações podem ficar de fora dessa iniciativa, porque mesmo estas ferramentas apresentam falhas ao se dirigir ao público PCD.

“Na forma como as postagens nas redes sociais são feitas, ou mesmo na forma como palestras e comunicações como estas que estamos fazendo aqui também podem ser impeditivas. Vamos imaginar que nesse exato momento estejam pessoas com baixa visão nos assistindo. Como elas vão se apropriar desse conteúdo que estamos aqui falando sem que eu, por exemplo, me autodescreva? Autodescrever é um recurso de acessibilidade”, afirma.

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