A delegada adjunta da delegacia de combate a corrupção, Magda D’Ávila, detalhou à Sagres 730 nesta quarta-feira (30) a operação Colludium realizada nessa terça-feira (29), onde nove pessoas, entre elas quatro empresários, e dois funcionários do Detran, estão sendo investigados pela Polícia Civil suspeitos de terem montado um cartel na fabricação de placas de veículos.

O esquema criminoso impossibilitava a livre concorrência, assim, sem concorrência, os empresários estabeleciam o preço que queriam para o serviço. “A partir do momento que se respeita a livre concorrência cada empresário vai ter que reduzir seu preço para angariar clientes. Então, com certeza o serviço poderia ser mais barato do que está sendo com a formação do carte”, explica a delegada.

Na entrevista, Magda D’Ávila revelou que a operação passa pela fase de analisar cada documento recolhido e que até o momento não há indícios do envolvimento de políticos no esquema criminoso. “Até o momento não tem o envolvimento de nenhum político. O que temos são empresários e estamos averiguando envolvimento também de servidores do Detran”.

De acordo com a delegada a investigação foi iniciada após uma denúncia de que empresários do ramo de emplacamento e estampagem de placas veiculares só conseguiam as credenciais das empresas após o pagamento de R$70 mil. “Nós começamos investigando esses fatos e percebemos uma organização criminosa. Aproximadamente três pessoas dominam o mercado por meio de empresas fantasmas”, explica.

Dentro do Detran a atuação era de induzir o cidadão a uma das empresas que compunham o grupo criminoso. Segundo a delegado isso ocorria quando o usuário de dirigia a uma das unidades do Detran no VaptVupt. Lá o atendente realizava os procedimentos necessários para transferência de automóveis e emplacamento, porém, já emitia o boleto para o cidadão.

“O próprio atendente do VaptVupt do Detran já emitia o boleto de troca de placa, mas isso não deveria ser serviço do Detran. O usuário deveria escolher a empresa que ele está interessado. Então, naquele momento o cidadão já era induzido para qual local ele iria. Assim nós percebemos que essa associação foi criada justamente para facilitar a atuação dessa organização criminosa”, detalha.

Questionada sobre onde poderiam estar as falhas que facilitaram a ação desses crimes, a delegada explica que a portaria que regulamenta o credenciamento dos empresários é eficiente, contudo, alguém está impedindo ou facilitando esse acesso. Esse seria o foco da investigação no momento.

“Deveria funcionar como é a regulamentação, está tudo certo.  Aportaria de 2020 traça os requisitos para o empresário interessado. Mas o que ocorre é que empresários que já conseguiram dominar esse mercado com influência no Detran estão tendo poder decisório nisso. O que não deveria ocorrer. O problema que estamos investigando é isso, quem está impedindo ou facilitando essa entrada”, pontua.

A autorização para as buscas e apreensões dessa operação foi emitida no dia 15 de agosto. Contudo, por conta da pandemia, a operação só ocorreu nessa quarta-feira, 45 dias de distância entre a autorização e a execução da operação.