CAMILA MATTOSO E FABIO SERAPIÃO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
– A Polícia Federal começou na tarde desta quarta-feira (28) as primeiras prisões de suspeitos de participação na tentativa de invasão ao prédio da corporação e nos atos de vandalismo que resultaram em incêndios a carros e ônibus em Brasília, no último dia 12.

Quatro pessoas já foram presas, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). A ação é resultado dos inquéritos abertos pela PF e pela Polícia Civil do Distrito Federal.

Um dos procurados é Alan Diego Rodrigues, suspeito de ter instalado uma bomba em um caminhão de combustíveis próximo ao aeroporto de Brasília no sábado (24).

As medidas fazem parte de uma operação maior deflagrada na manhã desta quinta (29), com um total de 11 mandados de prisão e 21 de busca e apreensão.

A operação ocorre no DF e em mais sete estados: Pará, Tocantins, Ceará, Rio, São Paulo, Rondônia e Mato Grosso. A Polícia Civil do DF também participa da operação, batizada de Nero.

A presa em Brasília é identificada como Klio Hirano. Nas redes sociais, ela tem diversas postagens publicadas em acampamento em frente ao QG do Exército, onde manifestantes pedem uma intervenção das Forças Armadas para evitar a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ela ainda fez um vídeo em frente à sede da Polícia Federal no dia do vandalismo no DF. Na gravação, ela pede que “defensores da pátria” sigam ao local. “É hoje que a gente vai ter a GLO (Garantia da Lei e da Ordem) que a gente está tando procurando”, diz. No Rio, a pessoa detida foi Átila Mello. Ele foi preso no município de São Gonçalo.

Os ataques à sede da PF e a veículos estacionados nas ruas do entorno do prédio ocorreram naquela noite do dia 12 de dezembro após a prisão do indígena bolsonarista José Acácio Serere Xavante. O vandalismo é parte da escalada de atos com discurso golpista patrocinados por apoiadores do ainda presidente da República. O indígena foi preso após pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República), que apontou sua participação no atos antidemocráticos na capital federal.

Os atos antidemocráticos que pedem um golpe militar e escalam em casos de violência pelo país têm sido atiçados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) desde a sua derrota para Lula no segundo turno das eleições.

A escalada da violência nesses atos liderados por bolsonaristas fez desmoronar o discurso público do presidente e de seus aliados, que destacavam as manifestações como ordeiras e pacíficas e buscavam associar protestos violentos a grupos de esquerda.

Com casos de violência que incluem agressões, sabotagem, saques, sequestro e tentativa de homicídio, as manifestações atingiram seu ponto crítico e acenderam o alerta das autoridades, que realizaram prisões e investigam até possível crime de terrorismo.

Os responsáveis poderão ser punidos na Justiça com base na Lei Antiterrorismo, legislação que os próprios bolsonaristas tentaram endurecer visando punir manifestantes de esquerda.

Um dos casos mais recentes de violência ocorreu na véspera de Natal, quando um homem foi preso suspeito de ter tentado explodir um caminhão de combustível, em Brasília. Outro caso foi esse no dia 12, horas após a diplomação de Lula.

O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse nas redes sociais que as ações policiais em curso visam garantir o Estado de Direito, na dimensão fundamental da proteção à vida e ao patrimônio.

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