No mínimo duas torcidas deveriam estar presentes no estádio durante a realização de uma partida de futebol. Essa seria a razão natural de um jogo com o enfrentamento de duas equipes. Infelizmente essa lógica foi quebrada pela violência praticada entre as torcidas rivais.

A violência entre os torcedores atingiu índices alarmantes. Diante desse quadro caótico, as forças de segurança num trabalho criterioso das polícias, do Poder Judiciário e do Ministério Público, constataram que era preciso agir. Uma das medidas para conter as brigas nos estádios e adjacências foi a adoção da torcida única. A sugestão foi acatada pelas entidades organizadoras dos campeonatos de futebol, principalmente em jogos clássicos.

A polêmica foi estabelecida. Para alguns a medida foi um equívoco. Para outros, um remédio amargo, mas necessário. É evidente que a adoção da torcida única não resolveu o problema da violência entre as torcidas. Mas os resultados alcançados foram satisfatórios, pelo menos dentro dos estádios.

Nenhuma medida restritiva dura para sempre. Depois da paralisação das competições esportivas por conta da pandemia do coronavírus, o público só voltou aos jogos no início de outubro de 2021 durante o campeonato brasileiro. Estádios com capacidade reduzida e presença somente de torcedores do time mandante. Em 20 de outubro do ano passado, a CBF autorizou o retorno de fãs dos visitantes para 10% dos ingressos disponíveis, como manda o Regulamento Geral das Competições. Exceto para alguns clássicos.

Esta semana, a CBF quebrou essa regra. O jogo entre Goiás e Corinthians marcado para o dia 15 de outubro no estádio Hailé Pinheiro, será realizado só com a torcida do mandante. A Confederação Brasileira de Futebol atendeu a uma recomendação do Ministério Público de Goiás (MPGO) e do Grupo de Atuação Especial em Grandes Eventos do Futebol (GFUT).

A medida é para evitar atos de violência entre as torcidas organizadas dos dois times. A incidência de briga entre elas é recorrente. No jogo da ida no dia 19 de junho, membros da Fiel corintiana fizeram uma emboscada a um grupo de torcedores da Força Jovem do Goiás. Houve uma batalha campal na Marginal Tietê, na capital paulista, com a utilização, inclusive, de fogos de artifícios, barras de ferro e de madeira.

Eu sou favorável a presença de duas torcidas no estádio, acho  linda a festa dos torcedores nos estádios. Mas diante do histórico de violência entre as torcidas do Goiás e do Corinthians e dos relatos passados pelo MPGO e GFUT à CBF, acho que a medida de precaução se justifica plenamente.