As áreas verdes são muito importantes para o conforto e melhora do clima. Podemos perceber com clareza essas vantagens também no meio esportivo. A escolha de treinar, correr em locais arborizados é mais vantajoso para a saúde de um atleta do que estar em um espaço industrial, por exemplo. Assista à reportagem a seguir

O fisiologista André Araújo afirma que o ar livre traz muitos benefícios ao corpo, como por exemplo, a sensação de bem-estar físico e mental.

“Quando nós pensamos no aspecto psicobiológicos, ou seja, a sensação de bem-estar que o exercício já promove aliado a um ar de boa qualidade, livre de poluição, isso nos traz benefícios orgânicos somados a qualidade do ar e do exercício. Isso traz bem-estar físico e mental”, disse o fisiologista.

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Anderson Rios, ultramaratonista em Maresias/SP (Foto: Arquivo Pessoal)

Além disso, André explicou que quando um atleta está presente em um local com poluição, cuja qualidade do ar está comprometida, há o consumo do oxigênio de má condição, e isso pode propiciar riscos de doenças cardiovasculares.

Quem sabe bem a diferença que um ar mais puro e limpo pode trazer no rendimento é o ultramaratonista Anderson Rios.

Ele é corredor de longas distâncias há mais de 15 anos, sempre atuando em trilhas, parques, ruas e asfalto. Segundo o atleta, a respiração muda bastante, além disso, há a diminuição da temperatura do corpo quando se corre em um parque.

“Quando você corre em uma terra batida ou em um parque que te proporciona ter uma trilha lá dentro, as suas articulações vão doer bem menos do que correr no asfalto. Tem realmente muita diferença. Sobre a questão de rendimento não há dúvida que seu rendimento final vai melhorar seu desempenho de 20 a 30%, seu desgaste vai ser bem menor”, ressaltou Anderson.

Preservação

Um exemplo de referência em área verde em ambientes esportivos na capital é o Centro de Treinamento do Goiás Esporte Clube, localizado no Parque Anhanguera. São cerca de 387 mil metros quadrados de extensão territorial, sendo que 99% da área é permeável, ou seja, permitindo que a água penetre no solo.

Além disso, o CT Edmo Pinheiro, como também é conhecido, conta com 12 campos de futebol profissional e outros seis destinados à escolinhas e categorias de base. Isso foi o que disse Nabi Curi, coordenador de infraestrutura do local, funcionário desde 2017.

“É muito importante para a performance dos atletas, é muito importante para toda a sociedade. Nós entendemos que nosso CT Parque Anhanguera é para a coletividade um patrimônio ambiental. É feito aqui todo um trabalho de conscientização das pessoas para o esporte, mas também fazemos um trabalho para a preservação ambiental”, disse Nabi Curi.

Área verde do Goiás Esporte Clube (Foto: Mariana Tolentino)

O coordenador de infraestrutura revelou que na época em que o Goiás adquiriu a área era pastagem, dessa forma, estava bem degradada, “com queimadas” e foi investido, portanto, em um projeto de reflorestamento e replantio.

Além disso, todo processo feito no CT segue a Legislação Ambiental, que tem por objetivo estabelecer regras de funcionamento norteados em prol da preservação. Por isso, toda vez que uma modificação na área verde é feita, como um corte de árvore, é preciso fazer uma solicitação para a AMMA (Agência Municipal do Meio Ambiente).

O Goiás possui cerca de 32 funcionários para cuidar dessa área e um deles é o engenheiro agronômo Aguiar, que está no clube há 17 anos. De acordo com o profissional, antes de adquirirem o local, o clima era muito quente com a incidência de incêndios.

“Todo período de estiagem, período seco quando a umidade baixa muito, surgia incêndios em diversos locais do CT e as erosões cresciam a todo momento. Após fazermos esse reflorestamento fomos contendo tudo isso. Fizemos curvas de nível, bacias de contenção que ajudaram consideravelmente a controlar as erosões”, salientou Aguiar.

Microclima

No Centro de Treinamento, também, podemos ver a existência de um lago que foi tombado pelo Iphan como patrimônio municipal e está nos cuidados dos Goiás Esporte Clube desde a década de 90. O lago, juntamente com as outras estruturas são importantes fatores para a melhorar o microclima da região.

A doutora em Geografia, estudiosa do Clima e professora da Uninter, Larissa Warnavin, explicou que as cidades são fontes de calor por conta das superfícies e a vegetação absorve calor, porque as plantas fazem a respiração e fornecem umidade para o ambiente. Isso acarreta na diminuição da temperatura.

“Quanto mais áreas contínuas a gente tiver, por exemplo, parques, praças maiores, reservas, maior a possibilidade de diminuição da temperatura, que podem ser reduzidas em cerca de 1 a 2º de diferença de uma área não vegetada”.

Essa redução pode parecer pouca, mas faz muita diferença na sensação. Ainda, Larissa listou outras vantagens que a diminuição do microclima e o contato com a natureza pode trazer: “melhora a qualidade de vida, o bem-estar e as árvores também vão ajudar nessa filtragem dos poluentes atmosféricos […] Em relação aos atletas, quando estão treinando, eles estão aumentando a capacidade pulmonar dele para conseguir absorver mais oxigênio para a atividade que está executando”.

Aguiar, engenheiro agrônomo (na esquerda) e Nabi Curi, coordenador
de infraestrutura (na esquerda) Foto: Mariana Tolentino

“Com o atleta realizando uma atividade próxima a uma área verde, com certeza ele está tendo até um melhor rendimento porque está respirando um ar mais puro, sem contar que o ambiente fica mais agradável”, concluiu a doutora.

O local onde o time esmeraldino treina também abriga atletas da base que vem de outros estados. Eles ficam concentrados na Casa do Atleta. Aguiar afirmou que eles entendem a importância de preservar o local, não deixar lixo espalhado, principalmente por conta do clima. Além disso, todo ano há palestras e eventos para conscientização dos jovens atletas.

O Goiás Esporte Clube é referência na questão ambiental e no replantio e entende a importância de manter todos os cuidados com sua área. Nabi Curi comentou que foi realizado o plantio de cinco mil mudas de espécies nativas e toda a equipe de meio ambiente está sempre “cuidando, conservando, e mantendo a área bela para que todos que visitem saibam que o Goiás cuida do seu patrimônio”.

Repense

Esta reportagem integra a série Repense Clima desenvolvida pelo Sistema Sagres de Comunicação com o apoio da Fundação Pró Cerrado. Ao longo de 12 episódios vamos aprofundar sobre temas relativos à sustentabilidade, produção e consumo, que estão conectados ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 13 da Organização das Nações Unidas (ONU), que é “Ação Contra a Mudança Global do Clima”.

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