Um estudo inédito da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza calculou o valor dos serviços ecossistêmicos oferecidos pelos recifes de corais em proteção costeira e turismo no Brasil. Então, o resultado apontou que os recifes de corais geram até R$ 167 bilhões para o país.

O Nordeste brasileiro possui extensão de 3.000 km em ambientes recifais, ao longo da costa do Maranhão ao Sul da Bahia. Assim, a renda com o turismo de lazer e recreação nessas áreas chega a R$ 7 bilhões por ano. Portanto, segundo o estudo, a receita corresponde a cerca de 5% do PIB do turismo no Brasil. 

Além do impacto econômico, a pesquisa avaliou também como os corais auxiliam na redução dos danos causados por ressacas, alagamentos e erosões nas regiões costeiras.

Proteção costeira

A área de recifes de corais entre o sul da Bahia e o Maranhão é grande. Mas a pesquisa aponta que, para a proteção da costa, para cada quilômetro quadrado de recifes, R$ 941 milhões são economizados em danos evitados. Então, os danos evitados são erosão, ressacas e danos causados pelas tempestades.

Fonte: Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza

Diante da importância dos corais, Ronaldo Christofoletti, professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), alertou que a  degradação de recifes de corais deixa a costa vulnerável.

“Se o atual quadro de deterioração dos recifes de corais permanecer inalterado, as regiões costeiras estarão ainda mais expostas à inundação e à erosão”.

Mudanças climáticas

As mudanças climáticas causam chuvas mais intensas, furacões, ressacas do mar e muitos outros problemas ambientais relacionados à chuva e a seca. No caso dos corais, os recifes protegem a costa.

“Devemos compreender que os investimentos na conservação e restauração de recifes de corais, além de todos os benefícios ecológicos, representam uma parcela muito pequena em comparação aos custos que podem ser gerados pela falta de proteção costeira”, contou o professor.

“Não há dúvidas de que a infraestrutura convencional de proteção costeira – quebra-mares, diques, muros e paredões – traz custos muito maiores”, explicou Christofoletti.

Ameaças

Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, destacou que os recifes de corais têm papéis ecológicos essenciais na vida marinha, oferecendo abrigo e alimentos a 25% das espécies que vivem no mar.

“A importância dos recifes de corais é muito maior do que a maioria das pessoas imaginam. Esperamos que o estudo estimule um olhar mais atento da sociedade para esses ecossistemas e inspire uma melhoria nos esforços de conservação. Já é hora de incorporar a avaliação econômica à gestão integrada da nossa zona costeira”, disse.

As mudanças climáticas estão entre as principais ameaças aos recifes de corais. Porém, as ameaças ainda incluem a poluição dos mares, a pesca predatória, o turismo desordenado, especulação imobiliária e espécies invasoras. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) estima que as ameaças podem extinguir até 90% dos recifes de coral até 2050.

Fonte: Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza

Década do Oceano

Ao falar sobre a proteção dos recifes de corais, é importante ressaltar que estamos na Década do Oceano. Pois a ONU declarou o período de 2021 a 2030 para incentivar o conhecimento sobre os mares.

“Tendo em vista o preocupante estado de conservação e a saúde do oceano, precisamos de ações urgentes para reverter esse quadro. Estudos de valoração podem contribuir na articulação de agendas internacionais e embasar investimentos públicos e privados para o desenvolvimento de uma economia azul”, argumentou Christofoletti. 

*Com informações do CicloVivo

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