As bacias hidrográficas do Rio Meia Ponte que abastecem a Região Metropolitana de Goiânia, e do Ribeirão Piancó, responsável pelo abastecimento de Anápolis, irão passar por um processo de recuperação das matas no território de influência dos mananciais.

Ao todo, os mananciais devem receber 669 mil mudas para o trabalho de recuperação, que é realizado pela Saneago, uma das usuárias da bacia, e Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), gestora da bacia.

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Em entrevista ao Sagres Sinal Aberto II desta segunda-feira (27), o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte, Fábio Camargo, explica que este é o início do trabalho de recomposição florística e cercamento de áreas de preservação permanente desses locais. Assista a seguir a partir de 2′

”Não vai resolver o problema, que é muito maior, mas é um pontapé muito grande e tem que inspirar outras pessoas e outros municípios. Este é um trabalho que tem de ser realizado em várias mãos. É preciso que municípios e produtores rurais entrem”, afirma. ”O cuidado com essas áreas faz com que a produção de água seja maior e evita que passemos aqueles momentos de seca mais dura e de um tempo mais quente”, complementa.

De acordo com o presidente, toda a sociedade foi responsável pela degradação das regiões, desde o produtor rural até a indústria e a população das cidades, e achar culpados é a menor das preocupações neste momento.

”A gente precisa sempre devolver alguma coisa ao Meia Ponte de acordo com o que a gente colhe. Devolução é isso, plantação de árvores nas matas ciliares. Se você sobrevoar o Meia Ponte, você vê que aquela mata ciliar está quase toda degradada, e ela é importante para várias coisas. Precisa recuperar isso, as nascentes também são muito importantes”, enfatiza.

Fábio Camargo pede a colaboração dos Municípios neste trabalho, desde a elaboração do Plano Diretor. ”Quando se autoriza a impermeabilizar tudo, você impede que a água percorra o terreno e vá por baixo até nos rios, a água vai de uma vez para o manancial, causa enchentes, a água rapidamente vai embora e não se utiliza esse bem tão precioso”, pontua.

De acordo com o presidente do Comitê, a situação de momento ainda não cria expectativas de racionamento. ”Como ano passado não teve racionamento, hoje, se tudo se mantiver desse jeito, vamos passar mais um ano sem precisar de uma medida tão extrema. Mas isso é só expectativa, vamos observar como vai se comportar o clima, se vai esquentar muito, se a água vai evaporar muito. Em uma comparação mês a mês, estamos ainda em uma margem de segurança”, conclui.

A bacia do Meia Ponte abastece uma região na qual vivem mais de 2,5 milhões de habitantes. Já o Ribeirão Piancó, que abastece Anápolis, onde se localiza o Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia), atende mais de 396,5 mil pessoas.

Rio Meia Ponte (Foto: Semad)