O Crac de Catalão é apenas o quarto colocado no grupo A e o oitavo na classificação geral. O time soma 33% de aproveitamento, com apenas duas vitórias em onze partidas disputadas, sendo um dos principais candidatos ao rebaixamento na atual edição do Campeonato Goiano. Não bastasse a situação complicada na tabela, a forte crise vivida nos bastidores estourou o seu momento mais tenso no final da décima rodada, quando os jogadores anunciaram greve geral por causa dos salários atrasados.

A ação coletiva provocou sérios prejuízos ao clube, que teve seus bens bloqueados e penhorados na justiça. Com isso, a diretoria do Crac não tem condições de viabilizar verba e trabalha à beira do colapso, prevendo inclusive abandonar o restante do Goianão, caso não consiga apoio financeiro. Se essa previsão se concretizar e o Crac não completar sua participação no Campeonato Goiano, o tradicional time da cidade de Catalão seria punido com a suspensão de dois anos sem disputar qualquer torneio oficial e após esse período voltaria somente na terceira divisão do estadual.

Ciente da situação delicada que vive o Clube, o presidente Elson Barbosa, mais conhecido como Caçula, não condena a atitude dos seus atletas e analisa a situação. “Não faço nenhum tipo de crítica à esse grupo de jogadores, pelo contrário, estão no direito deles e sendo homens ao cobrar. O protesto é justificável, não escondo que temos dificuldades desde a pré-temporada e que eles só receberam salários referentes aos 17 dias de treinamento no mês de dezembro. Por isso, estão agindo dentro da lei e nós estamos correndo atrás para equacionar os problemas”, declara o presidente.

De acordo com Elson Barbosa, a diretoria do time trabalha com a ideia principal de buscar apoio dos empresários e órgãos públicos da cidade de Catalão para conseguir dinheiro e sanar as dívidas emergenciais. Para isso, ele usa o discurso de ressaltar o time como patrimônio da cidade e a importância que o clube tem na divulgação do nome do município. “Estamos tentando sensibilizar o empresariado e o poder público para que ajude o Crac nesse momento difícil. O time é um bem da cidade, de todos os cidadãos de Catalão, e seria importante para todos que o time conseguisse terminar o campeonato”, revela.

O presidente não esconde a angústia com a atual situação e com uma possível saída precoce do Crac do Campeonato Goiano. “Seria uma despedida melancólica, como ninguém imaginou que aconteceria. É muito triste pensar nessa possibilidade, mas temos que ser realistas e não duvidar que isso possa acontecer. Infelizmente, a diretoria está de mãos e pés atadas nesse caso, sem nenhuma possibilidade de conseguir reverter o quadro sem a ajuda externa. Nisso nós temos trabalhado, em busca de levantar verba e apoio com pessoas de fora para salvar o futuro do time”.

Luz no fim do túnel

Uma chance de salvar o Campeonato Goiano para o Crac de Catalão está no nome de Adib Elias, ex-presidente do clube e ex-prefeito da cidade.  Homem forte nos tempos áureos do clube, Adib lamenta a atual situação, se assusta com os números da dívida e cobra atitude da prefeitura municipal, que tem participação no clube. “Pelo o que fiquei sabendo a situação é realmente complicada. Uma dívida astronômica, em torno de 3 milhões. É muito triste ver o que aconteceu. Mas a dívida não é só do presidente ou da diretoria. O poder público tem participação no clube, é um comandado, tem que fazer de tudo para conseguir repassar verba ao clube”.

Torcedor confesso do time, Adib não quer ver Crac abandonar o campeonato e se dispõe a ajudar no que for possível. “O time tem quer terminar o campeonato, nem que seja com jogadores amadores. Se for para cair, que caia no campo, assim, não sofreremos punição e não ficaremos suspenso de jogar. Isso seria uma tragédia. Para evitar isso, posso ajudar em tudo o que for dentro das minhas possibilidades. Estou a disposição para quem quiser me procurar”, declara o ex-presidente.