O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Ministério da Fazenda estão trabalhando na criação de um fundo com objetivo de proteger investidores estrangeiros que aportam recursos em projetos socioambientais de oscilações cambiais. A ferramenta, a primeira do tipo no mundo, está em desenvolvimento, e a previsão é que, inicialmente, consiga cobrir ao menos US$ 3,4 bilhões em aportes, de acordo com o BID.
“Uma das coisas que ouvimos de investidores é que sim, eles quem investir mais, mas se houver uma desvalorização e uma depreciação, isso é um problema, é uma incerteza”, afirma o presidente do banco, Ilan Goldfajn. Ele conversou com jornalistas nesta quinta (14), quando detalhou o anúncio feito na COP28 sobre projetos socioambientais.
“Nós estamos engajados com o Ministério da Fazenda para achar uma solução, um fundo, em que isso possa ser protegido [hedge, no jargão do mercado]. Esse é um produto muito importante porque, se funcionar, é algo para o mundo todo”, completou. “Muitos investidores estrangeiros não entram em projetos porque eles enfrentam incertezas relacionadas a oscilações cambiais”, diz Ilan.
Projetos socioambientais
Durante a COP, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a plataforma deve ser lançada no próximo ano. O jornal Folha de S. Paulo mostrou que o mercado financeiro internacional vê com bons olhos a agenda verde do Ministério da Fazenda. No entanto, há avaliação de que o Brasil pode ser mais ambicioso. Há, ainda, a preocupação de que a efetivação dos objetivos propostos pode esbarrar na eleição de 2026.
Risco
Por serem investimentos de maturação longa e com enfoque no impacto ambiental e social, o temor é que, a depender de quem ocupar o Planalto a partir de 2027, ocorra uma reviravolta nas diretrizes atuais. O receio é fundamentado pelas recentes ações da gestão Jair Bolsonaro (PL).
Atuação
O BID tem participado de diversas iniciativas para criar novas ferramentas financeiras com enfoque em sustentabilidade e projetos socioambientais. O banco esteve envolvido, por exemplo, no desenvolvimento dos títulos verdes lançados pelo Brasil no mês passado, e que permitiram ao país levantar US$ 2 bilhões em recursos.
Drible
Essas ferramentas buscam contornar problemas comuns à região, como restrições fiscais e instabilidade econômica. Os fatores afastam investidores estrangeiros, em um momento em que a América Latina e o Caribe oferecem diversas oportunidades para projetos voltados à sustentabilidade, como energia limpa.
Amplitude
As operações do grupo BID incluem o BID público (voltado para Estados), o BID Invest (para o setor privado) e o BID Labs (para inovação). A projeção é que 2023 some um total US$ 23,6 bilhões em apoio a financiamento na América Latina e no Caribe. A maior parte (US$ 13,5 bilhões) foi direcionada a Estados, e US$ 10,1 bilhões para o setor privado.
Projeção
Um dos programas destacados pelo BID é o Amazônia para Sempre, que engloba oito países da região. Lançado em junho, a iniciativa busca combater o desmatamento e fomentar a bioeconomia, entre outros objetivos. Para 2024, a projeção é de mais de US$ 1 bilhão em projetos somente na Amazônia brasileira.
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Durante a COP28, o BID anunciou a meta de triplicar seu financiamento voltado ao clima nos próximos dez anos, alcançando US$ 150 bilhões.
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*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 12 – Consumo e Produção Responsáveis; ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática; ODS 15 – Vida na Terra; e ODS 16 – Paz, Justiça e Instituições Fortes.