O tempo que se perde em deslocamentos e no trânsito tem sido um dos maiores desafios de viver nas grandes cidades. O modelo focado em carros está falido, ainda mais com o preço dos combustíveis. Mas, calma, existem várias iniciativas de se reinventar a mobilidade e as centralidades nas cidades. Para falar sobre este tema, conversei com o superintendente de Mobilidade Urbana de Goiânia, Marcos Villas Boas.
O superintendente é enfático ao dizer que as cidades estão se tornando inviáveis por conta de um erro histórico de construir cidades para o automóvel. A saída é montar planos de mobilidade pensando no futuro que as pessoas desejam.
Villas Boas alerta para a iminência de Goiânia travar, caso não haja uma transformação radical nos pilares da mobilidade urbana da capital. A ideia, diz, é criar alternativas atrativas o suficiente para que as pessoas queiram deixar seus carros em casa. “Sair de carro não está fácil, tampouco de ônibus. Sair a pé está difícil. Sair de bicicleta é um risco permanente. Ou seja, o desenho de cidade está errado”, declara.
A Prefeitura de Goiânia desenvolve seu Plano Municipal de Mobilidade Urbana, que visa estabelecer obrigações aos governantes acerca dos investimentos que precisam fazer. O superintendente diz que estudos mostram que 75% das pessoas não andam de carro, mas 90% dos investimentos em mobilidade são voltados para os automóveis. “É preciso devolver a cidade para as pessoas, mas como?”, questiona Villas Boas.
E o próprio responsável pelo Plamob dá a dica: a participação popular nas pesquisas sobre mobilidade é fundamental para traçar o plano. No site www.goiania.go.gov.br e no aplicativo Goiânia 24 Horas é possível participar da pesquisa sobre como as pessoas circulam na cidade, quais os problemas, como a pandemia afetou seus hábitos de locomoção e outros dados que contribuem para um entendimento melhor da situação. Esta pesquisa será perene, ou seja, contínua e sem data para terminar. Entidades da sociedade civil também estão sendo ouvidas e encontros estão sendo realizados. Audiência públicas estão no radar.
O Plano Diretor de Goiânia, sancionado pelo prefeito Rogério Cruz em fevereiro, traça as linhas gerais para melhoria da mobilidade urbana. O Plamob, complementa Villas Boas, aprofunda essa discussão para propor soluções, responsáveis e prazos.
O superintendente defende que a cidade construa mais calçadas e menos viadutos. “Não está cabendo tanto carro nas vias. Precisamos de calçadas seguras e limpas, sem obstáculos”, ressalta.
As ciclovias também estão no foco do Plamob. Pensando nisso, uma nova ciclovia foi inaugurada entre a Avenida T-63 e a Avenida dos Alpes. A preocupação é fazer ciclovias nos locais onde as pessoas competem com os carros para ir trabalhar. O superintendente afirma que o número de bicicletas quintuplicou com a pandemia, em parte por medo da aglomeração nos ônibus. O preço dos combustíveis também tem empurrado muita gente para cima das bikes, magrelas e camelos.
Só que os acidentes envolvendo bicicletas também aumentaram, e a promessa da Prefeitura é triplicar as ciclovias de Goiânia. Será?
A ideia é criar uma rede de bicicletas compartilhadas nos bairros que se interliguem com os terminais de ônibus e que o usuário, ao entregar a bicicleta no terminal, pague somente pelo ônibus. Em três meses, diz, já haverão micro-ônibus integrados com ônibus. “Se não houver mudança todos ficarão travados no trânsito, não importa o quão luxuoso seja seu carro”, avisa Villas Boas.
Os veículos elétricos ajudam, mas não resolvem o problema, afirma o superintendente. A solução para o problema da mobilidade e da poluição causada pelo trânsito está no conjunto de ações que modificarão o sistema de mobilidade urbana.
Há décadas a gente vê o trânsito piorar em Goiânia. Governos vêm e vão, muitas discussões entram na pauta, mas nada ainda conseguiu frear este caos cada vez maior que é se locomover pela capital. O tempo de conversas vagas já terminou, e realmente espero que consigamos mudar esta realidade. Mas isso passa também pela consciência e disposição de cada um de nós. E aí, você está pronto para esta mudança?
O Programa Nosso Melhor desta semana esteve alinhado com o ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis.
Até semana que vem!!
Temas abordados
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