Um recente estudo controlado por Dalila Xavier, professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e realizado pelo Núcleo Ciência Pela Infância da UFS, revelou que 46,3% das crianças negras no Brasil não têm uma avaliação positiva em relação à cor da própria pele. Essa informação evidencia os efeitos do racismo e da identificação racial na autoestima das crianças.

O estudo, intitulado “Mães que dialogam sobre o racismo e a valorização do grupo racial fortalecem a autoestima de crianças negras”, foi realizado em Sergipe e recebeu o Prêmio Ciência Pela Primeira Infância, concedido pelo Núcleo Ciência pela Infância (NCPI).

“Os dados se relacionam às questões raciais presentes na sociedade. A criança preta, por conta de suas vivências e relações diante do racismo, tende a ter mais dificuldade em se aceitar, o que impacta diretamente sua autoestima e compromete o seu desenvolvimento”, observa Dalila.

Pesquisa

A pesquisa contornou a participação de crianças de diferentes etnias – brancas, pardas e pretas – com idades entre 5 e 13 anos, juntamente com suas respectivas mães. O objetivo era analisar o desenvolvimento da identidade étnico-racial nessas crianças e investigar se estratégias de socialização, como discutir a importância do respeito independentemente da cor da pele, conquistou sua autoestima.

Durante as entrevistas, as crianças foram solicitadas a indicar a qual cor de pele se identificavam. Os resultados revelaram que 75% das crianças brancas se identificaram como brancas, enquanto 87,8% das crianças pretas se identificaram como pretas. No caso das crianças pardas, 69,2% se identificaram como pretas e 30,8% se consideraram brancas.

Além disso, foi investigada a percepção das crianças em relação à própria cor da pele. Cerca de 38,5% das crianças pardas e 46,3% das crianças pretas afirmaram ter pouco ou nenhum apelo ao seu grupo racial. Por outro lado, a grande maioria das crianças brancas (82,5%) afirmou gostar da cor de sua pele.

“A criança adquire sua identidade ainda na infância em meio ao processo de socialização. Nesse sentido, o diálogo realizado por pais e educadores auxilia as crianças a valorizarem o próprio grupo étnico-racial, contribuindo para seu desenvolvimento pleno. Quanto mais as mães dessas crianças falam sobre a história, raça e cultura do grupo, mais elas gostam de ser pretas”, pontua Dalila.

A pesquisa completa pode ser encontrada aqui.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 10 – Redução das Desigualdades

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