A Covid-19 é considerada uma doença sistêmica que atinge diversos órgãos, além das vias respiratórias. Estudos apontam os rins como uns dos órgãos mais afetados na infecção pelo SARS-CoV-2.

Nesta terça-feira (30), a série Rastros da Covid entrevista o médico nefrologista Ricardo Mothé, que explica como o paciente da Covid-19 tem os rins afetados pela doença do coronavírus. Assista a seguir

“O paciente que entrou no estado inflamatório acabou sendo mais prejudicado. Felizmente não foi a maioria, o pulmão foi o órgão mais acometido, mas o paciente que ficou grave, teve suas funções deterioradas, precisou ser entubado, e na sequência vem um déficit para esse rim. Há um desequilíbrio entre os líquidos do organismo, uma resposta inflamatória muito intensa”, afirma.

De acordo com o especialista, pacientes que já sofriam com problemas renais acabam tendo o órgão ainda mais acometido pela Covid-19 em sua forma grave, mesmo depois de se recuperar da doença do coronavírus.

“A gente nota nessa parcela de população esse impacto do pós-Covid. Alguns pacientes que já insuficiência renal crônica perderam uma parte de sua filtração e não conseguiram retornar para os patamares iniciais e isso persistiu após a resolução dos sintomas”, esclarece.

O nefrologista Ricardo Mothé (Foto: Sagres TV)

Beber líquidos

Ricardo Mothé explica que o melhor a fazer para prevenir complicações renais antes ou durante a infecção por Covid-19 é a hidratação.

“É um mito achar que excesso de hidratação seja necessário, mas a falta não pode acontecer. Aquele paciente que não tem acesso a água, que está acamado, ou não está com apetite ou não tem vontade, para esse paciente é preciso ter um foco mais direcionado para que se tenha cuidado com a hidratação”, pontua.

Automedicação

O nefrologista alerta para o uso de medicamentos sem prescrição médica. “Outra questão é não usar medicamentos errados. O rim é um órgão que sofre muito com a interferência de drogas, desde as mais simples até as complicadas. Pacientes graves acabaram sofrendo infecções oportunistas secundariamente e tiveram que usar remédios que já conhecemos como nefrotóxicos para continuar lutando pela vida”, conclui.