Muito do que se sabia sobre a saúde precisou ser revisto em razão do surgimento da Covid-19. Um órgão do corpo humano que também foi afetado inesperadamente pelo Sars-CoV-2 é o fígado.
Curiosamente, o vírus não pode invadir diretamente as células do órgão mais volumoso da anatomia humana, uma vez que elas não possuem ACE2, a proteína que a Covid-19 usa como porta de entrada. No entanto, os pacientes infectados com o vírus apresentam a chamada “tempestade de citocinas”, em que as células do sistema imunológico se infiltram e atacam diferentes órgãos, incluindo o fígado.
Em entrevista à Sagres nesta terça-feira (14), para o quadro Rastros da Covid, o médico hepatologista Rafael Ximenes explica que a identificação das sequelas da Covid no fígado é feita por meio de exames de sangue e de imagem. Assista a seguir a partir de 01:30:00 no STM #416
“Em muitos casos o paciente não tem sintomas ou tem sintomas inexpressivos como fraqueza, náusea, enjoos, algum desconforto no abdomen. Nos casos mais graves apresenta o olho e pele amarelados, chamada icterícia. Esse é sinal de alerta que o fígado não está bem”
De acordo com o hepatologista, há uma correlação entre as doenças do fígado e a Covid-19.”O paciente que já tem uma doença no fígado, em fase mais avançada como a cirrose, a Covid tende a ser mais grave. O contrário, ou seja, aquele paciente que tem Covid e afeta o fígado também pode evoluir de forma mais grave”, afirma.
Recuperação
“Felizmente, na maioria dos casos, a recuperação é espontânea, ou seja, o próprio fígado consegue se recuperar e se regenerar, a gente apenas acompanha esse paciente. Nos casos em que há uma persistência da alteração, a gente tenta entender melhor o mecanismo e em alguns casos é possível entrar com medicação para tentar melhorar essa recuperação, isso é uma exceção, mas pode ser feito. Nos casos que são mais graves como mau funcionamento ou sinais mais graves, até o transplante de fígado pode ser necessário para o paciente se recuperar”, explica Ximenes.
