O primeiro dia de fim de semana de Copa do Mundo foi, também, o dia prévio à estreia da seleção brasileira. Muito trabalho, almoço inexistente, jantar improvisado, esses dias em que a clássica cena de uma mesa de restaurante parece parte de outra realidade.

O sábado foi dia de quatro jogos, de ver craques como Griezmann, Messi, Modric… Mas foi, também, o sábado das minhas mais recentes paixões futebolísticas: Islândia e Peru. Parece estranho, mas tem explicação.

Nos primeiros meses deste ano, trabalhei com os companheiros da ESPN Internacional em uma série de documentários. Minha tarefa era ajudar a fazer dois deles: Islândia e Peru.

Hoje, falarei dos islandeses.

Dos islandeses, guardo na memória uma cena que vale por todas as demais. Era janeiro, faltavam cinco meses para a Copa, e fomos a Cardiff entrevistar Aron Gunnarsson, capitão do time que havia assombrado a Europa – primeiro no campeonato continental, depois classificando-se para a Rússia-2018.

Esperava um viking de poucas palavras e respostas curtas. O que vi foi um homem de muletas, que se recuperava de uma lesão, respondia tudo de forma didática e com calma, e que em nenhum momento duvidou de que estaria na Rússia.

No fim, câmera desligada, perguntei a ele se a possibilidade de não jogar a Copa o atormentava. Ele disse que não existia a possibilidade, que ele nem pensava nisso. Depois, questionei Gunnarsson sobre o jogo de estreia, contra a Argentina. “Vai ser bonito”, disse.

Ontem, após o apito final, o capitao islandês correu para a arquibancada para abraçar a esposa. Naquele abraço, havia muitos sonhos, muita força, uma energia que me fez arrepiar.

Para muita gente, Islândia 1 x 1 Argentina será o jogo em que Messi perdeu um pênalti. Para mim, é o dia em que Gunnarsson – aquele homem de muletas que nunca duvidou – encontrou-se com o sonho de sua vida.

Gunnarsson disputa bola com Di Maria (Foto: Getty Images/FIFA)