A invasão da Rússia na Ucrânia completou 140 dias no último dia 13, com a perspectiva de uma “guerra longa” e as tropas russas focando em conquistar toda a Donbass, como é a chamada a região leste da Ucrânia. Praticamente toda a área está dominada por Moscou, que tenta agora implementar medidas como a moeda local e referendos separatistas.

Confira a análise de Norberto Salomão:

A Ucrânia investe em uma contraofensiva para tentar recuperar seus territórios com ataques a regiões dominadas pela Rússia, utilizando armas e equipamentos que vêm sendo fornecidos ao país pelos Estados Unidos e por países europeus. Nesta semana, forças ucranianas bombardearam a região de Kherson, no sul do país, atualmente sob domínio da Rússia.

Acordo

O chefe do gabinete do presidente Zelensky, Andriy Yermak, informou que as conversas entre Ucrânia, Rússia, Turquia e a Organização das Nações Unidas (ONU), realizadas em Istambul na quarta-feira (13), resultaram na concordância das partes em formar “um Centro de Coordenação Conjunta sob os auspícios da ONU” para garantir que as exportações de grãos ucranianos através do Mar Negro possam ser garantidas.

Esse centro ficará sediado em Istambul e a tarefa será realizar “monitoramento geral e coordenação da navegação segura no Mar Negro”. Assim, os mais de 20 milhões de toneladas de grãos permanecem presos na Ucrânia devido ao bloqueio da Rússia aos portos do Mar Negro, poderão ser escoados.

Antes da guerra, o fornecimento de trigo da Rússia e da Ucrânia representava quase 30% do comércio global, e a Ucrânia é o quarto maior exportador de milho do mundo e o quinto maior exportador de trigo, de acordo com o Departamento de Estado dos EUA. O Programa Mundial de Alimentos da ONU — que ajuda a combater a insegurança alimentar global — compra cerca de metade de seu trigo da Ucrânia a cada ano e alertou sobre consequências terríveis se os portos ucranianos não forem abertos.

As negociações sobre o tema das exportações de grãos ucranianos ainda continuará e Rússia, Ucrânia, Turquia e as Nações Unidas devem assinar um acordo na próxima semana com o objetivo de retomar as exportações de grãos da Ucrânia no Mar Negro.

Segundo a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, “de fato, houve uma discussão considerável sobre essa questão” e “foi possível formular alguns elementos de um possível acordo que Rússia, Ucrânia e Turquia estão discutindo agora em suas capitais por meio de seus departamentos militares”.

Segundo o Ministério da Defesa turco, a data da próxima reunião ainda não está clara. Porém, a agência de notícias russa RIA fala em uma data preliminar para a próxima reunião das quatro partes é 20 ou 21 de julho. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, declarou em seu perfil no twitter:

“Um raio de esperança em um mundo escurecido pelas crises. Hoje, em Istambul, vimos um grande passo em frente para garantir a exportação de produtos alimentares ucranianos através do Mar Negro”. Guterres, porém, afirmou que ainda é preciso “ótima vontade e compromissos de todas as partes”.

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