O mercado de trabalho brasileiro está cada vez mais competitivo e exigente. O número de demissões, a pressão por resultados e até mesmo as lideranças despreparadas estão contribuindo para um ambiente de trabalho prejudicial à saúde dos profissionais.

Esse panorama é propício para o aparecimento da síndrome de burnout. O problema afeta cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros, segundo a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt). A síndrome é caracterizada pelo esgotamento físico, emocional e mental causado pelo estresse crônico no trabalho.

Aumento durante a pandemia 

De acordo com o psicólogo Bruce Martins, o burnout, também conhecido como síndrome do esgotamento profissional, vem ocorrendo cada vez mais e teve um aumento considerável durante a pandemia. 

“É uma síndrome que está relacionada ao estresse crônico e durante a pandemia diversas pessoas tiveram um nível de estresse significativo. Lembrando que esse período durou anos”, pontua o especialista.

A síndrome é ligada à ocupação. O cansaço está relacionado a todas as áreas da vida. O burnout está ligado, especificamente, ao ambiente profissional.

“A pessoa pode desenvolver uma apatia em relação a outras, se sentir isolada no ambiente de trabalho, não conseguir se conectar com os colegas. Qualquer frustração que essa pessoa sofre, por menor que seja, acaba produzindo sensações muito intensas. É importante deixar claro que o burnout ocorre apenas no ambiente de trabalho”, explica.

Características

O problema possui três principais características: exaustão emocional, despersonalização e falta de realização profissional. É necessário entender que cada pessoa em uma situação de vida tem recursos para lidar com os problemas que ela vive de maneira diferente das demais. 

“Você pode ter mais apoio social, uma vida financeira estável, amigos e hobbies. Esses são recursos que temos para lidar com o estresse da nossa vida, mas quando as pessoas entram no ciclo vicioso do burnat elas vão perdendo esses suportes. É como se o nível de estresse fosse tão grande que supera os recursos que temos para lidar com ele. E é aí que a exaustão emocional aparece”, ressalta Bruce.

O Psicólogo explica que interagir com outras pessoas é uma ação que custa muita energia, tanto do corpo, quanto do cérebro. Se essa pessoa está cada vez mais cansada, ela tem menos recursos disponíveis para entender como as relações pessoais estão acontecendo.

“Pelo cansaço esse indivíduo começa a ficar mais cínico, indiferente e às vezes muito irritado. O que dificulta as relações sociais como um todo”, afirma.

O cansaço exacerbado pode gerar a falta da realização profissional. Por estar cansado o tempo todo, o profissional produz menos e ao perceber isso ele começa e se sentir culpado o tempo todo e acaba criando uma cascata.

“Se estou me sentindo culpado, trabalho mais, se trabalho mais continuo me sentindo cansado e com isso acaba faltando tempo para lazer, descanso, comer e dormir direito”,  frisa.

Ambiente de trabalho

O especialista finaliza explicando que quando o assunto é sobre síndromes, transtornos e doenças, principalmente as psiquiátricas, elas são sustentáveis com o tempo, possuem critérios temporais. Por exemplo, depressão não é uma tristeza que dura uma semana e com o burnout  não seria diferente.

“Então se a gente parar para pensar, a pessoa tem que sofrer durante um tempo, estar constantemente passando por algum estresse e o ambiente de trabalho tem que ser difícil de lidar por um certo tempo. Em uma grande parcela dos casos, essas pessoas têm chefes abusivos e ambientes tóxicos de trabalho” finaliza ele.

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*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 3 – Saúde e Bem-estar.

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