A síndrome de burnout, traduzida como “esgotamento”, foi oficialmente reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença ocupacional em 2022, resultante do estresse crônico inadequadamente gerenciado no ambiente de trabalho. Esta condição complexa agora ganhou uma dimensão adicional no universo parental, manifestando-se como o “burnout materno”.

O Dr. Teng Chei Tung, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica que o burnout materno compartilha a sensação de sobrecarga característica da síndrome de burnout, mas está diretamente ligado às experiências da maternidade, como a dedicação intensa. Este fenômeno é especialmente prevalente em mães de primeira viagem, especialmente nos primeiros meses pós-parto, devido à inexperiência nos cuidados com os bebês e à demanda de tempo elevada.

Teng Chei Tung – Foto: Francisco Emolo – USP Imagens

“Pode envolver trabalho profissional, mas envolve todos os outros aspectos da vida pessoal, da vida familiar, dos compromissos domésticos – coisas que estão relacionadas com esse estado de ser mãe”, comenta Tung, em entrevista a Beatriz Pecinato do Jornal da USP.

Estado mental

O burnout é um estado mental sem limites claros, dificultando o diagnóstico preciso. Existem outras condições, como o blues puerperal e a depressão pós-parto, que compartilham sintomas semelhantes, tornando o diagnóstico ainda mais desafiador.

“Os sintomas fazem a mulher pensar ‘acho que não vou dar conta da criança’, e começa a chorar… mas isso passa, é rápido. Até 50% das mulheres têm momentos assim, que ficam flutuando, e isso é considerado uma reação normal e não merece tratamento formal, só um suporte.”

Prevenção

O professor Sigmar Malvezzi, do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da USP, destaca a importância da prevenção para evitar sobrecargas excessivas. Ele sugere que o apoio de alguém de confiança próximo à mãe, capaz de interpretar sinais e oferecer conforto de maneira empática, é crucial.

O suporte psicossocial bem orientado, iniciado durante a gestação e mantido no pós-parto, pode ser uma ferramenta eficaz na prevenção do burnout materno. Reconhecer esses desafios e buscar apoio adequado pode ser fundamental para promover a saúde mental das mães, prevenindo o agravamento dessas condições.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 03 – Saúde e Bem-Estar

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