É possível relacionar esporte e fé, a ponto de um influenciar o outro? Para responder essa pergunta, a Sagres buscou relatos de torcedores, esportistas e personagens que viveram as mais diversas experiências.

Leia mais: Forma do Bem #03 | O esporte como símbolo de fé e transcendência

Pensamento positivo, preces, orações e superstições fazem parte do cotidiano de vários torcedores. Vale tudo na hora de tentar uma ajudinha extra para o time de coração. Exemplos de superação como os do garotinho Paulo Vitor e do judoca Leonel Filho além de depoimentos de personalidades do esporte como o técnico da Seleção brasileira Tite fazem parte dessa reportagem da série a Forma do Bem.

Devoção e crença, reflexão e esperança, paixão e confiança.

André Alicate é o torcedor do Goiás que só assiste os jogos de pé (Fpto: Acervo pessoal)

“A minha energia chega dentro de campo, tenho certeza”, afirma o esmeraldino André.

Carlão Arantes – Foto: acervo pessoal

“Quando não faço o meu ritual e vem a derrota é como se tivesse traído o meu time”, revela o atleticano Carlos.

Afonso Fernandes (Foto: acervo pessoal)

“Tenho certeza que já fiz alguns gols meio que sem querer querendo”, confessa o vilanovense Afonso Fernandes.

O André, O Carlão e o Afonso não se contentam em apenas torcer. Cada um à sua maneira tenta dar uma forcinha para o seu time.

“Só assisto os jogos do Goiás de pé e quando os jogadores estão perto do gol fico daqui querendo chutar. Dá sorte e o gol vem, viu?”, garante André.

O atleticano Carlos Arantes é assumidamente um supersticioso. Ele até já foi flagrado jogando sal grosso na bandeira do Atlético. Tem todo um ritual para acompanhar as partidas.

“Minha rotina começa cerca de duas horas antes do jogo. Tomo banho, corto o cabelo, aparo a barba e corto as unhas. A cueca e a bermuda que uso para assistir os jogos são as mesmas e a camiseta que até já está soltando o número de tão velha também é a mesma”, revela.

Já o vilanovense Afonso Fernandes só assiste os jogos em um determinado local.

“Tenho o meu cantinho do sofá, quando um amigo vem aqui em casa e por a caso senta lá, fico de olho para que quando ele for ao banheiro ou cozinha eu retomo o meu lugar”, admite.

Tentar dar uma ajuda extra para o time não é exclusividade de torcedores.  O presidente do Goiás, Paulo Rogério Pinheiro, diz que já fez até promessa.

“Atire a primeira pedra o cristão que nunca fez uma promessa.  Já fiz várias e com o futebol não é diferente”, afirma.

Em seu primeiro ano de mandato, Paulo Rogério Pinheiro assumiu o desafio de devolver o Goiás para a série A do Campeonato Brasileiro e através da fé ele tem buscado auxílio para sua gestão. 

Paulo Rogério Pinheiro – Presidente Goiás EC (Foto: Euller Ramos/Sagres Online)

“Nunca deixei de fazer as minhas orações à noite. Aqui em casa, tenho o meu cantinho onde leio a Bíblia e faço minhas reflexões. Nas minhas orações peço o bem para as pessoas, família e entes queridos. E também para que tudo dê certo dentro do Goiás e na minha gestão. Peço serenidade e inteligência para tomar as decisões difíceis que o futebol requer”, comenta. 

O presidente do Goiás tenta em 2021, um feito conquistado pelo Atlético há duas temporadas. Em 2019, os rubro-negros subiram para a primeira divisão. 

Na época, quem precisou colocar a fé em ação foi o presidente Adson Batista. Após o empate em casa com o Sport, na última rodada da série B, ele fez valer sua devoção por São Bento.

Adson Batista, presidente do Atlético-GO (Foto: Paulo Marcos/ACG)

“A fé no futebol é muito importante porque é uma energia muito positiva. Sempre tenho obtido respostas. Sempre faço meu agradecimento a Deus, a São Bento que é o santo que sou devoto e também a Nossa Senhora. Sou muito feliz de ter essas referências”, confessa.

Hugo Jorge Bravo, presidente executivo do Vila Nova (Foto: Rafael Bessa/Sagres)

Os vilanovenses também estão acostumados a recorrer a fé para superar as adversidades no dia-a-dia do clube. Que o diga o presidente Hugo Jorge Bravo.

“A fundação do nosso clube teve a participação de um padre, teve benção ali. E não tem como ser diferente. Aqui (Vila Nova) está sendo sustentado pela fé, porque aos olhos humanos é difícil encontrar uma razão para que o clube tenha conseguido suporte às adversidades históricas”, analisa.

Se manter de pé. Essa é a meta do Vila Nova e quem já superou esse desafio foi o Paulo Vitor. Mas para que o garotinho que nasceu com uma má formação conseguisse dar os primeiros passos, os pais dele, o Vitor e a Sandra, precisaram ser perseverantes.

“Em todos os eventos que íamos, como por exemplo, nos estádios pra vender rifa, cada passo era um passo de fé. Era acordar de manhã, pensar o que fazer e acreditar que aquilo iria acontecer”, relembra Vitor Resende.

Fotos: Acervo Pessoal

Com venda de rifas nos estádios, comercialização de bíblias e outras ações, a campanha “Caminhando com Paulo Vitor” arrecadou mais de R$ 650 mil para o tratamento. E assim o Paulo Vitor caminhou.

“É muito impressionante ver tudo isso acontecer. E o quanto o esporte e a fé contribuíram para isso. Hoje ele está correndo, jogando bola, pulando e fazendo tudo que uma criança faz, se orgulha o pai.

Enquanto os caminhos se abrem para o Paulo Vitor, a trajetória do Leonel Filho precisou ser iluminada pelo judô.

Foto: Acervo Pessoal

“A fé e o esporte me fizeram ser quem sou hoje. Conquistei títulos, tenho uma profissão e sou independente. Se não tivesse tido fé, apoio da minha família e de todos que estiveram ao meu lado, eu poderia ter feito uma besteira quando fiquei cego aos 19 anos de idade”, admite.

A crença que inspira o judoca Leonel Filho, é a mesma que já conduziu os técnicos Cuca e Luiz Felipe Scolari à Basílica do Divino Pai Eterno em Trindade. Ambos foram pagar promessas e fazer suas orações. E já que relembramos um técnico da seleção brasileira…

… O atual, Tite, deixou uma mensagem:

“Os quatro pilares que são fundamentais pra ter uma vida voltada pro bem: saúde, família, fé/espiritualidade e trabalho. Reunindo esses quatro fatores de uma forma equilibrada é um passo para que a gente tenha uma vida voltada para o bem”.

E que os exemplos aqui apresentados de fé, combinados com os valores do esporte nos sirvam de inspiração.

#Forma do Bem Sagres

Esta é a terceira reportagem da nova série inspirada no filósofo grego Platão. Ele descreve “A Forma do Bem”, como uma “Forma” (Ideia) análoga ao Sol que seria uma manifestação física que, assim como o Sol torna os objetos visíveis gerando vida sobre a Terra. O “Bem”, nesse conceito excede a vida, permite transcender para o além. Essa é a forma que, segundo Platão, permite ao filósofo, em treinamento, avançar para um rei-filósofo.

A Forma do Bem Sagres é um espaço de diálogo com a sociedade, alcançando as pessoas com conhecimento, reflexões e indagações. A cada semana, nos próximos três meses, apresentaremos novos conteúdos que vão te ajudar a ir além e a construir a sua navegação pelas rotas da transcendência.

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