A jornalista Anapaula Hoekveld viveu um história de superação que é exemplo de inspiração para as pessoas. Em 2014, quando estava no sexto mês de gestação do primeiro filho, ela descobriu que estava com câncer de mama.

“Descobri o nódulo por acaso. De manhã, eu não senti nada no seio. À noite, quando fui passar creme antes de dormir, senti um caroço. Estava fazendo pré-natal. A médica me examinava todo mês e também não tinha sentido nada antes desse dia. Foi tudo muito rápido”, revelou.

Assim que notou, Anapaula contou que ligou para a médica, que passou um pedido de ultrassom. No dia seguinte, ela fez o exame, mas o resultado deu inconclusivo. Sendo assim, a especialista fez uma punção na jornalista, que é a retirada de qualquer fluido ou massa do corpo para análise em laboratório. Entretanto, o resultado mais uma vez foi inconclusivo e ela foi encaminhada ao mastologista.

“Até então, a gente não acreditava que poderia ser câncer. Eu tinha 32 anos e desconhecia histórico familiar da doença”, afirmou.

(Anapaula estava grávida de sete meses quando descobriu o câncer de mama | Foto: Arquivo pessoal)

O diagnóstico

Na consulta com o mastologista, Anapaula fez duas biópsias e o câncer de mama foi confirmado. Em seguida, ela fez os exames pré-operatórios e, como estava grávida, rapidamente se consultou com um cirurgião plástico, que acompanhou a cirurgia de mastectomia no sétimo mês de gestação.

“Retirei toda a mama esquerda e o cirurgião plástico colocou um expansor que serviu pra expandir minha pele, para depois de meses, criar um novo seio no futuro”, explicou.

Ela contou que a ginecologista também acompanhou o procedimento, já que tinha o risco de ter que retirar o filho, se tivesse alguma complicação.

“Graças a Deus, correu tudo bem na cirurgia. Voltei da anestesia sem o peito, mas continuava com meu barrigão. Depois que me recuperei já iniciei a quimioterapia”, relembrou.

(Anapaula com seu filho João Pedro em 2015 | Foto: Arquivo pessoal)

Tratamento e o parto

Anapaula fez duas quimioterapias ainda grávida, que teve o parto marcado entre a segunda e a terceira sessão. O João Pedro, nome do filho da jornalista, nasceu no dia 16 de outubro de 2014.

“Quando ele nasceu, eu já estava careca. Os cabelos e pelos caem no 14º dia da primeira sessão da quimio vermelha, que eu fazia de 21 em 21 dias. Fiz quatro sessões da vermelha e mais oito sessões da quimioterapia branca, que era semanal. No meu caso, o câncer foi muito agressivo. Cresceu rápido e, para piorar, não tem remédio preventivo pra mim”, afirmou.

A quimioterapia vermelha consiste em uma classe de medicamentos conhecida como antraciclinas, que possuem tonalidade avermelhada. Por outro lado, a quimioterapia branca é composta por diversas classes de medicamentos, como ciclofosfamida, taxanos, gencitabina e vinorelbina, que não apresentam coloração visível.

Depois da sessões de quimioterapia, Anapaula passou pela radioterapia. De acordo com ela, foram cerca de 30 sessões diárias. “Depois que concluí o tratamento, comecei a expandir a pele pra fazer a reconstrução da mama. Depois de meses, fiz uma nova cirurgia para trocar o expansor por silicone. Aproveitei pra retirar a outra mama. Com isso, diminuí em 95% a chance de ter câncer na mama direita”, contou.

Por conta da doença, Anapaula não produziu leite para a amamentar João Pedro. A saída foi tomar leite de fórmula desde o nascimento. “Mesmo se tivesse [leite], não poderia amamentar por conta dos remédios da químio”, ressaltou.

(João Pedro com um mês de vida juntamente com os pais Anapaula e Gilvan | Foto: Arquivo pessoal)

Recuperação e nova gestação

Com a recuperação, a jornalista afirmou que agora monitora e anualmente visita o médico. De acordo com Anapaula, além do acompanhamento, ela tenta ter uma vida equilibrada. “Voltei ao mastologista nesta semana para os exames de rotina. Fiz mamografia e ultrassom. Graças a Deus está tudo bem”, disse aliviada.

Assim que obteve a liberação médica, Anapaula engravidou pela segunda vez, agora da Laura, em 2018. No ano seguinte, em junho, a filha nasceu. “Por incrível que pareça eu não tive medo de engravidar de novo. Minha primeira gestação foi tranquila e foi graças a ela que descobri o câncer. A segunda foi mais tranquila ainda”, destacou.

Com a cirurgia de reconstrução e a retirada da outra mama, a jornalista tem apenas próteses. Sendo assim, ela não pôde amamentar a Laura, assim como João Pedro. Nesse sentido, ela também precisou tomar leite de fórmula. “Graças a Deus nunca tiveram problema por isso”, pontuou.

“Sempre me perguntavam se eu não tinha medo de morrer. Eu tenho medo de morrer, mas tenho mais medo de não aproveitar a vida”, refletiu.

(Anapaula, Laura, Gilvan e João Pedro nos dias atuais | Foto: Arquivo pessoal)

*Esse conteúdo está alinhado com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU 03 – Saúde e Bem Estar

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