A. Meira
A. Meira
Adair Meira é um empresário, empreendedor social e ambientalista comprometido com causas sociais e ambientais do Brasil e do mundo. Em 1994 fundou a Fundação Pró-Cerrado, que proporcionou o maior programa educacional e de geração de renda para jovens do Brasil. Com sua experiência de integração de setores sociais em diferentes áreas do conhecimento, criou uma plataforma que conecta as necessidades dos jovens de hoje com o mercado de trabalho, aumentando a conscientização sobre a necessidade de apoiar as juventudes do mundo.

Tecnologia Social brasileira inspira países na construção de políticas de inclusão juvenil

Há anos acompanhamos em noticiários, artigos científicos, teses, entre outros documentos, estudos que avaliam o poder das tecnologias e como elas podem contribuir efetivamente para potencializar resultados, impulsionar projetos, romper paradigmas e superar desafios locais e globais. Em contrapartida, uma abordagem mais holística, percebe a tecnologia como uma estratégia de inovação social, e não uma visão puramente técnica e instrumentalizada. Dessa maneira, quando alinhada a um entendimento de grupo-alvo e propósito social, a tecnologia social é capaz de transformar a vida de jovens por todo o mundo por meio da educação, da ocupação (trabalho) e distribuição de renda.

Oportunamente, evidencio como os programas de aprendizagem são determinantes na vida das famílias de norte a sul do Brasil, e, por isso, podem promover a transformação social positiva na vida de jovens, empresas e de toda a sociedade, aliando tecnologia, educação, oportunidade e geração de renda. Um cenário desafiador, contudo, promissor, que exigiu de cada um de nós força, resistência, resiliência e capacidade de nos reinventarmos. E é neste ponto que projetos e ações se consolidam como aliados nesta jornada para transcender e servem de inspiração para países europeus, como Portugal, Espanha, Holanda, Itália, Suécia e Romênia na ressignificação do espaço do jovem.

No que diz respeito à inclusão de jovens, os programas de aprendizagem impulsionados por tecnologias sociais têm se revelado como ferramentas e metodologias eficazes para transformar vidas. Ao combinar capacitação profissional, educação, oportunidade de emprego formal e geração de renda, tais programas não apenas fornecem habilidades práticas, mas também cultivam um senso de autoestima, empoderamento e protagonismo juvenil. Todas essas iniciativas são pensadas para impactar positivamente a vida da juventude vulnerável do país, portanto, neste contexto,  a criatividade e a inovação despontam como verdadeiro ponto de partida, convidando o empreendedorismo social a fomentar um ambiente que convoque a todos para criação de produtos e serviços que estejam centrados no desenvolvimento humano.

O empreendedorismo social transcende a tradicional busca por lucros, priorizando o impacto social positivo na sociedade. Empreender significa fazer algo novo, diferente, isto é, esse conceito aplicado no âmbito social é chave para a sustentabilidade e a inovação, bem como a missão a favor do bem-estar e da responsabilidade social, como missão emancipadora para o desenvolvimento sustentável. Essas iniciativas buscam não apenas mitigar as adversidades enfrentadas por grupos marginalizados, mas também criar um ambiente propício ao desenvolvimento sustentável.

No conceito e na prática, empreendedorismo social é adotar estratégias inovadoras, que são comuns de ambientes corporativos, focadas para ações de alto impacto na sociedade, favorecendo a solução de questões relacionadas à saúde, ao emprego, ao meio ambiente, à moradia, aos direitos humanos, entre outras questões, e, como não poderia deixar de ser, à educação. Sim, porque o anseio por uma sociedade mais justa é inerente ao conhecimento e, diante de sociedade edificada sobre três pilares (informação, tecnologia e conhecimento), não é difícil entender como as tecnologias são fundamentais para o sucesso profissional e pessoal.

A importância de direcionar esforços para a inclusão de jovens em situação de vulnerabilidade social vai além da retórica; é uma necessidade premente para construir um futuro sustentável, equitativo e adequado à novas demandas sociais. O empreendedorismo social, ao se tornar um veículo para essa inclusão, demonstra a capacidade da sociedade de inovar e se adaptar para enfrentar os desafios contemporâneos. Mas, para dar sustentabilidade a essa tríade, é vital a união entre os poderes público e privado.

Minhas experiências à frente da Fundação Pró-Cerrado (FPC) mostra que, juntos, é possível empreender ações que favoreçam o desenvolvimento social, econômico e sustentável. Isso significa que a construção de um futuro próspero precisa equilibrar desenvolvimento, cuidado com as pessoas e proteção ao meio ambiente. Em três décadas de trajetória, pude observar que a atuação conjunta não apenas estimula o senso coletivo em favor de causas nobres, como também favorece a elaboração de projetos sociais de alto impacto.

A Fundação Pró-Cerrado (FPC) é um exemplo disso. Em 1994, quando poucos falavam e até mesmo pouco se entendia o valor do empreendedorismo social, apostamos em um projeto com o propósito de entregar formação técnico-profissional, capacitação, trabalho e renda a jovens em situação de vulnerabilidade social. Fundada em Goiânia, a FPC é considerada pioneira no trabalho de inclusão juvenil por meio do programa de aprendizagem Jovem Cidadão. Nossos prêmios e reconhecimentos, entre eles “Empreender Social” da Schwab Foundation, chancelam o compromisso genuíno com a juventude e a aprendizagem.

Mas, para que isso seja possível, a parceria com poder público foi grande responsável por permitir desenvolver ações escaláveis para a promoção da inclusão social e do protagonismo juvenil, por meio da formação integral do jovem e fortalecimento de vínculos. Hoje este trabalho, iniciado em Goiás, amplia e potencializa as nossas ações por meio da atuação em rede, replicando para outras regiões do País e do mundo através de um conjunto de instituições parceiras de cooperação a favor da juventude.

A construção de um ambiente favorável de esperança e oportunidade a juventude global precisa ser um movimento diário, de vigilância e constantes esforços no compromisso, no dever, na responsabilidade e na missão de transformar realidades. Se as transformamos, impactamos o próximo com nosso propósito, crescemos intimamente pelo reflexo deste trabalho e este círculo virtuoso se torna fonte de expansão e renovação do panorama coletivo.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 04 – Educação de qualidade e o ODS 17 – Parcerias e meios de implementação.

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