Vinícius Tondolo
Vinícius Tondolo
Vinicius Tondolo é diretor executivo do Sagres Educa, jornalista do Sistema Sagres de Comunicação, Mestre em Comunicação, docente e especialista em Objetivos de Desenvolvimento Sustentável pelo curso de formação internacional MAIA

US$ 7 trilhões anuais são investidos em atividades que têm um impacto negativo na natureza

O maior objetivo das negociações durante a COP28, nos Emirados Árabes, consistia na busca por recursos para financiar projetos de transição energética e de suporte a países pobres para atenuar as consequências das mudanças climáticas. Inúmeros fundos foram anunciados e eu repercuti por aqui durante a cobertura direto de Dubai. Mas será que apenas buscar “dinheiro novo” será suficiente?

Ainda em dezembro do ano passado, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) anunciou que cerca de US$ 7 trilhões dos setores público e privado são investidos globalmente a cada ano em atividades que têm um impacto negativo direto na natureza – o equivalente a cerca de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) global.

Enquanto isso, as soluções baseadas na natureza permanecem subfinanciadas, recebendo, atualmente, financiamento público e privado de apenas US$ 200 bilhões por ano. Isso representa que o planeta investe 30 vezes mais em sistemas que prejudicam diretamente a natureza.

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O secretário geral da ONU, Antonio Guterrez enfatizou diversas vezes que para cumprir as metas do clima, biodiversidade e restauração de ecossistemas, o investimento na natureza precisa ser triplicado até 2030 e quadruplicado até 2050. 

Este estudo do PNUMA ainda revela que 70% destes investimentos são oriundos do setor privado. Estes são 140 vezes maior do que o montante aplicado a atividades positivas para a natureza. As cinco indústrias que canalizam a maioria dos fluxos financeiros negativos (construção, serviços públicos elétricos, imobiliário, petróleo e gás e alimentos e tabaco) representam 16% dos fluxos globais de investimento na economia, mas 43% dos fluxos negativos para a natureza associados à destruição de florestas, zonas húmidas e outros habitats naturais.

Uma das estratégias para rever este quadro está baseada no conceito de BioEconomia ou Economia Verde, que valoriza o patrimônio genético, a biodiversidade local e o conhecimento tradicional de seus povos originários. Uma bioeconomia inovadora é constituída a partirda pesquisa científica de alto padrão, do fortalecimento e da inovação nas cadeias produtivas, além da criação de um ambiente propício a negócios sustentáveis.

No início do ano de 2024, o vice presidente e secretário de Indústria, Geraldo Alckmin, anunciou aumento de impostos sobre a importação de carros elétricos. A justificativa é fomentar a indústria nacional automobilística. Esta já apresenta sinais de apresentar um modelo brasileiro. O veículo será lançado em 2025 ao custo de R$279 mil.

A bioeconomia brasileira pode movimentar cerca de R$ 1,3 trilhão em investimentos e novas receitas, o equivalente a 12% do Produto Interno Bruno (PIB) até 2030. O desenvolvimento de uma geração de profissionais com suas “habilidades verdes” fortalecidas é crucial para solidificar este posicionamento para o futuro. Estudo publicado, no Estadão, nesta semana, alerta que a geração de jovens nem-nem pode reduzir em 10% o PIB brasileiro. Este é um público que demanda por propósito para se conectar com o mercado de trabalho.

Este tema é um alerta evidente que se continuarmos a negociar sob modelos atuais representará uma constante ameaça à vida do nosso planeta e o setor privado precisa inserir a sustentabilidade como metodologia de trabalho. Além de aumentar os investimentos, precisamos realizar o fluxo daquilo que já existe e reposicioná-lo em estratégias mais modernas e preocupadas com o meio ambiente.

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[COP À COP]

– EX VILÃO AMBIENTAL. A conferência da ONU sobre mudanças climáticas, assim como ocorreu na COP de Dubai, será presidida por uma pessoa ligada à indústria do petróleo. O Azerbaijão nomeou Mukhtar Babayev, ex-chefe da empresa petrolífera Socar, como presidente da COP 29. A nova edição será realizada em novembro, em Baku. Atualmente, ele exerce o cargo de ministro da Ecologia e Recursos Naturais do país. O país europeu é o terceiro país-sede da COP que tem a exploração de petróleo como base da economia. Em 2022, a COP27 foi sediada pelo Egito.

CAMPANHA DE CONSCIENTIZAÇÃO. A desinformação sobre a mudança global do clima é um obstáculo para o progresso no enfrentamento da crise climática. Ela distorce a percepção da ciência especializada no clima e cria confusões e pode levar a atrasos em ações ou mesmo a ações prejudiciais. A ONU lançou na última semana uma campanha de conscientização e de combate a desinformação. Confira o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) com orientações importantes.

INTELIGÊNCIA ALIMENTAR. A Inteligência Artificial Generativa (IA ou GenAI) já está gerando os primeiros resultados para a produção de alimentos sustentáveis. Estudos estimam de 12 a 21 trilhões de reais sendo adicionado na economia global em mais de 60 setores econômicos e um caminho ainda mais sustentável ao Agronegócio. Via Forbes.

VALIDAÇÃO DE DIPLOMAS. A Universidade Federal Fluminense (UFF) é uma das 41 universidades em todo o Brasil envolvidas em um programa inclusivo de revalidação de diplomas de refugiados no país como parte da Cátedra Sergio Vieira de Mello (CSVM), uma parceria com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) nomeada em homenagem ao diplomata brasileiro da ONU morto junto com 21 de seus colegas em um ataque a bomba no Iraque em 2003. Quase 500 diplomas foram revalidados pela rede no Brasil nos últimos cinco anos. Com base nesse sucesso, espera-se que a CSVM faça outro compromisso de inclusão acadêmica no GRF 2023, expandindo para além do Brasil e incluindo universidades da Costa Rica, Estados Unidos, Etiópia, Itália, México, República Dominicana, Sérvia e Reino Unido. 

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