Você já ouviu falar em vegetais minimamente processados (VMP)? Se ainda não, saiba que são hortaliças ou frutas que passaram por etapas de lavagem, sanitização, cortes ou descascamento. Tudo isso representa o preparo de porções prontas para o consumo. No mercado, porém, podem ser encontrados em embalagens fechadas, como as famosas “bandejinhas” envoltas em plástico-filme ou em sacos plásticos fechados. Além disso, em muitos casos, vêm acompanhadas de um selo de certificação de qualidade.

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No entanto, uma pesquisa do Centro de Pesquisa em Alimentos (Food Research Center – Forc) tenta avaliar a aceitação desse tipo de produto no mercado. O levantamento, feito com 1.510 pessoas em todo o País, mostra que o preço é o principal obstáculo para o crescimento nas vendas de VMP.

Embora a maioria dos entrevistados (95,3%) diga ter o hábito de consumir vegetais, apenas 685 (45,4%) são consumidores de VMP. Os principais fatores limitantes citados para aquisição desses produtos pelos consumidores de VMP, porém, foram o preço alto (66,4%) e a falta do produto no mercado (26,9%).

Perfil do consumidor

Entretanto, conforme a pesquisa, os 825 (54,6%) entrevistados que não consomem VMP não fazem isso, por diversos fatores. Entre eles estão desconfiança de higiene (64,4%), preço alto (50%), falta de hábito (43%), preferência por produtos a granel (38%) e perda de nutrientes (18,7%). Além disso há falta de disponibilidade no local de compra (17,3%) e pouca variedade (6,3%), entre outros (29,3%).

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“Como no Brasil os VMP custam pelo menos o dobro quando comparados ao produto in natura, existe uma limitação do consumo desses produtos. Eles são mais caros que os vegetais in natura, principalmente devido aos custos de produção, transporte e armazenamento. Esse processo requer refrigeração”, afirma a nutricionista Jéssica Finger, pesquisadora do Forc que realizou o estudo como parte de sua tese de doutorado.

VMP: saiba o que são e como está a aceitação desses alimentos no mercado
Foto: Pixabay

Pesquisa

A pesquisa, no entanto, foi realizada entre fevereiro e março de 2021 e teve um artigo publicado recentemente na Food Protection Trends. O público do estudo, que ocorreu por meio de questionário on-line, é majoritariamente de mulheres (77,5%), da região Sudeste (57,7%), com idade entre 26 e 40 anos – cerca de 42% -, e renda familiar predominante de cinco a 15 salários mínimos (em torno de 40%).

“No cruzamento de dados, ficou evidente que quanto menor a renda familiar, menor o consumo de vegetais minimamente processados, independente de fatores como sexo, escolaridade e região.”

Ao analisar os resultados, no entanto, a conclusão é que indivíduos com maior renda tendem a consumir mais vegetais, in natura ou VMP, independentemente do sexo, idade, estado civil e escolaridade.

“Participantes com renda familiar mensal de até um salário mínimo representaram a menor taxa de consumo desses produtos (2%), enquanto aqueles com renda familiar mensal entre 5 e 15 salários mínimos representaram a maior taxa (42%).”

Higienização também preocupa

O estudo também mostra que uma parcela considerável dos consumidores se sente insegura por consumir vegetais frescos higienizados, justamente pela descrença quanto à sua higienização e riscos à saúde (saiba mais como os VMP são preparados no final do texto). Além disso, esse foi um dos fatores mais apontados entre os critérios dos entrevistados que disseram não consumir esses vegetais (66,4%).

“Observamos que a maioria dos entrevistados que consomem VMP acredita que esses produtos não estão totalmente livres de micro-organismos patogênicos ou outros contaminantes que apresentem riscos à saúde. Eles acreditam que os vegetais minimamente processados podem estar relacionados com doenças transmitidas por alimentos. A maioria relatou preocupação com a segurança microbiológica”, aponta a nutricionista.

Desconfiança

A desconfiança, porém, sobre a higiene dos alimentos, indicada na pesquisa, motivou a pesquisadora a avançar nos estudos. “Agora queremos avaliar se a percepção dos consumidores se traduz na realidade. Estamos verificando se os vegetais estão sendo, de fato, corretamente higienizados pela indústria.”

Apesar da descrença quanto à higienização, no entanto, uma parte expressiva dos consumidores não lê o rótulo desses produtos. Apenas 40% deles afirmaram que o fazem. Desses, 75% disseram que verificam a validade, aproximadamente 60% estavam de olho na data de fabricação e 40% conferiam as condições de higienização.

“Os produtos hortifrutícolas comercializados embalados devem trazer na rotulagem, de forma precisa, informações sobre a condição de higienização, de uso e consumo no painel frontal, sendo sugeridas as seguintes frases: “Pronto para o consumo ou para o preparo culinário” e “Vegetal in natura higienizado”, aponta Jéssica Finger.

Com informações do Jornal da USP

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