Profissionais de dedicação exclusiva são aqueles com vínculo à uma única instituição. No Brasil, 20% dos professores dos anos finais do Ensino Fundamental lecionam em mais de uma escola. Esse número é de 1,7% nos Estados Unidos e de 2,7% no Japão.

De acordo com a vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Marlei Carvalho, a chamada dedicação exclusiva é uma demanda que atravessa décadas e que está diretamente associada com a qualidade da educação no país.

Panorama

Os dados são do estudo publicado em 2021, organizado pela Fundação Carlos Chagas. Na prática, os professores precisam se dedicar muitas vezes a mais de uma rede de ensino e a etapas diferentes, como os docentes que lecionam em turmas do Ensino Fundamental e Ensino Médio.

“A chamada dedicação exclusiva é uma luta de mais de 40 anos da educação no nosso país”, explica a representante da entidade.

Desse modo, ela explica que a dedicação exclusiva está associada com o próprio bem-estar do professor. Ao precisar assumir um grande número de turmas e em instituições diferentes, o docente passa a empregar boa parte do seu tempo em deslocamentos e suscetível à maior exaustão.

Ademais, em relação ao número de turmas, a pesquisa da FCC demonstra que os professores de Língua Estrangeira são os que lecionam em número maior de classes. Nesse sentido, durante o período analisado, cerca de 44% dos docentes davam aulas em mais de 10 turmas.

Particularidades

“Conseguir se dedicar a uma única escola é você ter um vínculo mais forte e uma perenidade de trabalho ano a ano. É conhecer seu estudante de forma mais acentuada e poder acompanhar o desenvolvimento dele”, explica.

No documento da Fundação Carlos Chagas, que utiliza dados fornecidos pela Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (TALIS), há o seguinte destaque:

“Além do cuidado com o tempo fora de sala de aula, é preciso garantir que o docente trabalhe em apenas uma escola, pois é pouco provável que um profissional seja capaz de exercer esse papel mais amplo – que une a atuação em sala com a colaboração com a comunidade escolar – em mais de um local de trabalho”.

Pesquisa: Volume de trabalho dos professores dos anos finais do ensino fundamental

Para Marlei Carvalho, é preciso que a Educação Básica considere conceitos como carreira docente e estabeleça melhores condições referentes ao piso salarial dos profissionais em educação.

“Isso é o que nós chamamos de valorização profissional. Esses elementos são essenciais para que o professor realize o seu trabalho com maior tranquilidade e de uma forma segura. Com certeza, quem ganha mais são os nossos estudantes”, completa.

Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) ODS 04 – Educação de qualidade

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