O Ambiente – O Podcast de contexto político (Eleições) chega ao seu terceiro episódio para abordar as pesquisas eleitorais. Para isso, Laila Melo, Thaís Dutra e Rubens Salomão têm a companhia de dois professores e cientistas políticos: Mayra Goulart e Robert Bonifácio.

Assista ao videocast:

Um dos pontos de destaque do episódio, que detalha como funcionam as pesquisas, é a necessidade de rebater quando alguém questiona as instituições brasileiras, as pesquisas e até as eleições, como argumentou Mayra Goulart. “Você já viu algum bullying sumir porque a pessoa não fez nada? Você já viu algum preconceito deixar de reverberar porque aquele que sofreu ficou calado? Ficar calado é, no mínimo, permitir o crescimento, quando muito, é corroborar, passar o aval de que concorda”, declarou.

Para a cientista, falta para a população brasileira de classe média e classe média alta, “a compreensão do que é uma metodologia científica”. “É muito importante que a gente tenha incluído nas universidades e mesmo nas escolas um reforço nas disciplinas de metodologia, porque isso é uma carência de escolaridade. Estamos formando elites profissionais incapazes de mobilizar metodologia de pesquisa. Isso explica a adesão das entidades médicas ao discurso antivacina e negacionista do presidente Jair Bolsonaro (PL)”.

O cientista Roberto Bonifácio também falou sobre a questão do “senso comum ter sido coroado”. O professor citou que as pessoas hoje tendem a achar que a realidade está no circulo social em que elas convivem. Por exemplo, se todos de uma família formada por cinco pessoas votam em um mesmo candidato, eles desconsideram as pesquisas e acreditam que esse grupo pequeno seja o todo.

“Eu sou uma pessoa que tem uma definição de voto e ando com pessoas com opiniões parecidas. Se eu me deixar acreditar apenas neste meu meio, não acredito na realidade, porque a minha vida é limitada. Eu visito alguns bairros de Goiânia, mas não todos”, explicou.

Confira os outros episódios:

Como são feitas as pesquisas eleitorais

A pesquisa eleitoral é uma técnica de captura e análise de dados, de natureza quantitativa. Ou seja, os eleitores são perguntados sobre quem votam e porque votam, sobre quem rejeitam e porque. A partir daí, é feita uma análise para encontrar os percentuais e qualificar cada entrevistado conforme o grupo.

O professor Roberto Bonifácio detalhou que é preciso entrevistar pessoas de diferentes locais, classes sociais, etnias etc. “Tudo isso precisa estar balanceado com o que tem de mais sofisticado de dados que é o Censo Demográfico, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios e até mesmo o registro de eleitorado”, disse Roberto, que apontou ainda que o grau de confiabilidade e precisão da pesquisa depende do quanto ela consegue falar com pessoas diversas.

Mayra Goulart explicou que é preciso entender que as pesquisas são “fotografias de momento”, ou seja, não mostram o futuro. “Por isso é importante fazer pesquisas seriadas para observar a variação nas preferências ao longo do tempo”, afirmou a professora, que ressaltou, também, que elas são probabilísticas, o que significa que elas apontam para um caminho, mas podem apresentar diferenças no resultado final.

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