Participante do Consórcio Nacional das Vacinas das Cidades Brasileiras (Conectar), juntamente com mais 30 cidades goianas, Aparecida de Goiânia já reservou R$ 30 milhões para adquirir doses da vacina contra Covid-19. O prefeito do município, Gustavo Mendanha (MDB), que é vice-presidente do Conectar, afirmou em entrevista à Sagres que busca o imunizante, independente se o Ministério da Saúde vai ressarcir os valores gastos pelos gestores municipais e estaduais.

“Hoje eu estou investindo entre R$ 10 e 12 milhões por mês com testagem e para manter os leitos direcionados para Covid. Se nós adquirirmos essa vacina e imunizarmos a população, eu não vou ter que gastar esse dinheiro no tratamento das pessoas que estão doentes. Então, eu não tenho dúvida que é um investimento”.

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Mendanha explicou que um prefeito sozinho tentando adquirir doses para uma cidade, por exemplo, com 600 mil habitantes, não tem força para negociar com os laboratórios. Agora, com o consórcio, com vários gestores, responsáveis, juntos, por milhões de pessoas, a iniciativa fica mais próxima de se concretizar.

A vacina russa Sputinik V tem sido a mais ventilada pelo consórcio. O imunizante também já foi adquirido pelo Consórcio do Nordeste, que comprou 37 milhões de doses, porém a vacina ainda não foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Gustavo afirmou que a vacina “é o caminho para voltar ao normal, que a sociedade só poderá conseguir isso quando todos ou o maior número possível de pessoas estiver imunizado”.

Relação com Caiado

No início das medidas mais restritivas, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), e Gustavo Mendanha discordaram sobre o modelo adotado. Enquanto o governador optou pelo fechamento 14×14, em que as atividades não essenciais ficam abertas normalmente por 14 dias e fecham por outros 14, o prefeito de Aparecida utilizou o escalonamento por regiões. À época, o governador chegou a afirmar que Mendanha politizava a pandemia.

“Eu não tenho falado com o governador, embora não tenha dificuldade em conversar. Acho que tem alguns equívocos, tanto da Procuradoria-geral de Justiça, da Procuradoria-geral do Estado, em relação a esse entendimento, de quem de fato [pode decretar medidas de distanciamento]”, argumentou o prefeito.

Sobre a informação de que o Estado de Goiás não abriu leitos de UTI em Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha não quis polemizar e fez questão de ressaltar que isso pode ter ocorrido apenas pelo fato da cidade ter aberto muitos leitos, fazendo com que não fosse necessária uma ajuda do Estado. Sobre a afirmação, a Sagres tentou contato com a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), mas não obteve retorno. O espaço segue aberto.

“Eu não tenho relação interrompida. Obviamente que no campo político eu estou em outra trincheira, como sempre estive com todos os governadores que eu lidei. Agora, do ponto de vista administrativo, estou sempre aberto a ter uma boa relação, principalmente aquelas que venham beneficiar minha população”.

O prefeito ainda alegou que as decisões tomadas na cidade, a respeito do combate à Covid, ocorrem após muito debate, com participação de órgãos como o Ministério Público, Defensoria Pública, da Câmara dos vereadores e da sociedade civil.

Desembarque do MDB da prefeitura de Goiânia

Gustavo Mendanha também falou sobre o desembarque do MDB da gestão do prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos). Mendanha afirmou que pelo que ouviu, de fato considerou a decisão acertada, que fica ao lado de Daniel Vilela, presidente do MDB Goiás, mas que administrativamente continuará mantendo conversas.

Como participou ativamente da campanha de Maguito Vilela, o prefeito de Aparecida afirmou que a população goianiense espera um trabalho conjunto entre as duas cidades. “Infelizmente nós não temos, hoje, esse diálogo. Espero que Rogério possa reconhecer não só a importância na eleição, mas que nós podemos ajudar, independente de partido”.