Enfim o Goiás Esporte Clube se pronunciou, após o rebaixamento do seu time para a Série B, no Campeonato Brasileiro deste ano. E o pronunciamento foi lamentável. Em nenhuma linha é apresentada ao torcedor esmeraldino, uma perspectiva do que a atual diretoria vai fazer para que a equipe cumpra uma trajetória diferente em 2021.

Assuntos como montagem de elenco, quem ficam na comissão técnica, conclusão da reforma e ampliação do Estádio Hailé Pinheiro, que verdadeiramente dizem respeito a esta diretoria e que a torcida quer saber, não foram abordados.

Pra não dizer que não tem nada que aproveita naquilo que o papel aceitou, a segunda parte da Carta faz referência aos jogadores que terminaram a Série A 2020 e a comissão técnica, com menção honrosa e de agradecimento: o estafe realmente merece este reconhecimento.

Não foi esta comissão técnica e nem a maioria destes jogadores que terminaram a competição que derrubaram o Goiás. Foi o pessoal que esteve no comando técnico e quem esteve em campo antes.

Mas a primeira parte da Carta, a introdução do texto é de lamentar. Palavras irrefletidas e agressivas, tentando fulanizar de forma desleal, o insucesso, nas pessoas do ex-presidente e ex-vice-presidente, Marcelo Almeida e Mauro Machado respectivamente. Até a adjetivação de “covarde” a dupla recebeu, o que não é aceitável.

A dupla não estava dirigindo o clube sozinha. O grupo liderado pelo presidente do conselho deliberativo e principal nome do Goiás ao longo da sua historia, Hailé Pinheiro, estava junto. Aliás, Marcelo e Mauro só chegaram à direção executiva do Clube porque pertencem a este grupo. Embora tenha trocado os nomes dos comandantes, o grupo é o mesmo.

Duas constatações podem ser tiradas: 1 – Os atuais diretores estão tirando o corpo fora de uma responsabilidade que também foi deles; 2 – Não há nenhum respeito pela reputação de Marcelo Almeida e Mauro Machado, que doaram tempo para trabalhar pela instituição, tentando fazer o melhor, se veio o pior não foi por intenção, mas pelas circunstâncias. Eles administraram o Goiás, assinando decisões de um grupo composto por oito pessoas.

Ocupavam os dois cargos, mas não tinham autoridade para decisão. Foi este grupo que montou o elenco com vários jogadores de outros países sul-americanos, sem fazer análises prévias do comportamento, da qualidade técnica, da responsabilidade, dos hábitos de vida de nenhum destes atletas (trabalho chamado no futebol de análise de desempenho, que os clubes verdadeiramente profissionais fazem). Foram contratados com grandes salários e ao chegarem aqui todos, sem exceção, sentaram em cima do compromisso salarial assinado pelo Clube e não tiveram nenhum compromisso com o Goiás.

Para completar, este mesmo conselho impôs aos dois comandantes executivos o técnico Ney Franco, que fracassou no começo do Campeonato Goiano e foi demitido. Também foi este grupo que chegou à conclusão que o desconhecido Thiago Larghi seria o técnico ideal e o contratou.

Quando o trabalho do moço parecia que tomaria um rumo, o mesmo grupo demitiu o treinador e optou pelo retorno de Enderson Moreira, que estava desempregado há um bom tempo, desatualizado e deixou na sua passagem pelo Goiás, diversos desafetos que continuam no Clube.

Naturalmente não precisava ser entendido de futebol para saber que o Goiás estava entrando numa latada. Foram necessários 10 jogos sem nenhuma vitória, com três empates e sete derrotas, três pontos conquistados e 27 perdidos, para que o técnico fosse demitido. Assim mesmo a demissão só ocorreu porque Hailé Pinheiro atropelou o tal grupo controlador da gestão e mandou o Enderson embora.

Foi o Hailé também que impôs a efetivação de Augusto César e Glauber Ramos como treinadores, com a determinação do aproveitamento dos jogadores da base, para a disputa do restante da Série A e com a consequente limpeza dos boleiros sul-americanos do elenco.

Se a dupla Marcelo Almeida e Mauro Machado tentasse fazer o que o Hailé fez, não daria conta. O tal grupo não dava à ela esta autoridade.

Marcelo Almeida e Mauro Machado serviram o Goiás , como médicos, por mais de 30 anos. Sempre foram respeitosos com o grupo onde estiveram inseridos e, repito, só chegaram no comando executivo do Goiás, porque faziam parte deste grupo. Ambos têm vidas particulares respeitáveis. Pais de famílias dignos, médicos éticos e competentes, homens honrados nos negócios que fazem.

Ambos sempre zelaram pelos seus nomes e se não tiveram sucesso como gestores executivos no Goiás, pelos motivos que apontei aqui, não podem por isto ter seus nomes enlameados e suas reputações destruídas. As vidas de ambos seguem após a passagem pelo Goiás e não podem seguir manchadas por uma nota infeliz, que sequer teve quem a assinasse.

Atitude tão rasteira como esta não cabe num clube do tamanho do Goiás.
Espero que haja reflexão sobre o que estou argumentando, como torço para que a atual gestão tenha sucesso e devolva o Goiás ao seu verdadeiro lugar no futebol goiano e brasileiro. É isto que importa e que a torcida quer.