O apito soou para o final do jogo da passagem pela vida de Diego Armando Maradona. A impressão que a gente tem é que não foram concluídos os 90 minutos, que o árbitro apitou antes da hora certa e nossa torcida era para ter acréscimo do tempo perdido dentro da partida pelo comportamento do homem.

Mas o que nos interessa é o atleta e ele foi farol no breu da noite na mata, teve ainda maior visibilidade no brilho. Maradona não jogava futebol, fazia mágica com a bola e por isto mesmo transformou o gramado em picadeiro e foi o dono do espetáculo. Dizer que ele tinha talento é muito pouco.

Talento têm grandes jogadores como Cristiano Ronaldo, Ronaldo Nazário, Messi, Neymar e outros deste nível. Maradona era mais do que talento, era dom de fazer da bola sua escrava, que resignadamente obedecia todas as ordens vindas do movimento do seu pé esquerdo.

Deixa legados impressionantes, entre eles a dos dois gols emblemáticos contra a Inglaterra, na Copa do Mundo do México, em 1986. No primeiro ele sobe para cabecear e com a mão esquerda encoberta pela cabeça para a perspectiva da visão do árbitro fez o gol. Este gol ficou conhecido como “o gol da mão de Deus”. Tudo porque quando foi perguntado sobre o lance ele respondeu: – “Não foi minha mão, foi a mão de Deus”.

No segundo gol, recebeu a bola no meio-campo e foi driblando quem encontrou pela frentes, quando estava frente a frente com o goleiro enfeitou no drible e marcou aquele que passou para a história como o mais belo gol nas Copas do Mundo de todos os tempos, numa votação feita pela internet. É o chamado Gol do Século.

Ele apareceu no circo da bola em 1976, aos 16 anos e aos 17 foi convocado pelo técnico César Luiz Menotti para a fase de preparação da Argentina, para a Copa do Mundo de 78. Naquele ano a Argentina não disputou a eliminatória porque a competição seria disputada no seu País. Na preparação Maradona foi um dos destaques de um time recheado de estrelas e ganhou imediatamente grande popularidade, sendo apelidado pelos argentinos de “El Pibe de oro” – Menino de Ouro.

Para a surpresa e frustração dos torcedores, quando apresentou as listas para as inscrições para a Copa, César Luiz Menotti não incluiu o nome do craque. Houve protestos dos torcedores e mágoas com o treinador, mas como a Argentina conquistou o título mundial, a mágoa contra o treinador foi esquecida pelos torcedores. Mais tarde o próprio Menotti admitia: “Errei, mas não tinha descoberto ainda que estava lidando com um gênio”.

A exemplo dos torcedores, Maradona também se esqueceu da mágoa com o técnico argentino, quando foi convocado para a Copa da Rússia, em 1982, e foi o grande destaque da Seleção Argentina, que saiu na segunda fase na competição.

Na Copa do Mundo disputada no México, em 1986, Maradona não fez a diferença apenas no jogo contra a Inglaterra, mas em toda a competição e comandou a Argentina no título mundial.

Ao longo da sua carreira ele realmente transformou o gramado em picadeiro e fez mágicas com a bola. Encheu o futebol de lances tão geniais que pareciam ilusionismo, capazes de fazer com que os espectadores ficassem encantados como crianças diante dos truques dos mágicos no circo.

Não tem jeito. No jogo da vida como no da bola, quando o árbitro apita o final do jogo só nos resta entender que com qualquer placar a partida acabou. Neste momento então é pedir a Deus, que deu o dom de mágico da bola à Diego Armando Maradona e emprestou a mão para ele fazer o gol na Copa do Mundo de 1986, que estenda esta mesma mão e recolha o grande gênio argentino ao seu lado.